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Um escritor, um poeta, um aventureiro,

Monday, 5 July 2010

Rui Cinatti, Poeta de Timor






:: Biografia ::


Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes nasceu em Londres, a 18 de Março de 1915. Filho de Herminia Cinatti , filha única do cônsul português em Londres, Demétrio Cinatti, e de António Vaz Monteiro Gomes, dez anos mais novo que Hermínia. Esta tinha trinta e seis anos quando casou. Morreu com trinta e nove anos, a 2 de Abril de 1917. Ruy tinha apenas dois. Em 1941, Ruy Cinatti dedica-lhe o seu primeiro livro de poemas entitulado Nós Não Somos deste Mundo. Viveu em Lisboa desde os dois anos de idade, cidade onde se formaria em Agronomia, curso que concluiu em 1943, terminando quase dez anos de vida universitária. Faltava-lhe, no entanto, apresentar uma dissertação final, que lhe daria direito ao título de engenheiro-agrónomo e silvicultor. Em 1942 lança a revista Aventura. Em 1946 parte para Timor, na sequência de um convite para ocupar as funções de secretário e chefe de gabinete do recém nomeado governador para Timor, o capitão Óscar Ruas. Chega a Timor a 27 de Julho. Percorre a ilha em viagens de reconhecimento com o novo governador, tendo o primeiro contacto com a beleza da ilha que o apaixona, e por outro lado contactando com os estragos causados invasão japonesa, que tinha sujeitado Timor às mais dificeis condições e que finalmente num acto de fúria ao abandonar a ilha tinha destruido casa, florestas, manadas, etc. Inicia um estudo metódico e interdisciplinar do território, na sequência da leitura da obra de Osório de Castro, que afirma «Hoje, a obra de colonização ou é cientifica ou não é nada.» Surgem-lhe ideias sobre quais os tipos de relações que a administração portuguesa deveria manter com os timorenses e que se deveriam basear numa compreensão da cultura dos últimos. Entretanto teria sido professor de desenho no colégio de Lahane. Recolhe espécies vegetais raras- duas das quais recebem na Holanda o seu nome. Em Outubro de 1947 tem o seu trabalho de recolha concluído e em Dezembro regressa a Lisboa. «Timor prendeu-me com cadeias de ferro (...)» Em 1951 regressa a Timor novamente, como chefe dos Serviços de Agricultura do Governo de Timor, nesta altura administrado pelo governador Serpa Rosa. É aqui que compõe o poema inicial do livro O Nómada Meu Amigo. Durante este tempo pronuncia-se revoltado contra o governo a despeito da proibição do uso da lipa dentro dos limites administrativos de Dili. Prossegue as suas pesquisas por conta própria. É neta segunda estadia que pensa na possibilidade de tirar outro curso. Tendo problemas com a administração colonial, regressa a Portugal, parando antes em Goa. Estudou Antropologia Social em Oxford, e durante dois anos foi metereologista aeronáutico. Em 1961 regressa a Timor. Livre de questões burocráticas viaja pelo território livremente. É o futuro de Timor que lhe interessa salvaguardar. Os seus motivos são uma profunda amizade que sente pelos timorenses, denuncia os abusos feitos pelos europeus em termos de delapidação do património. Faz um juramento de sangue com dois liurais, D. Armando Barreto, liurai de Ai Assa e D. Adelino Ximénes, liurai de Loré, permitindo-lhe isto acesso a segredos como a existência de pinturas rupestres ocultas. Socialmente Timor vive tempos agitados e Ruy Cinatti adverte para uma mudança social «do tipo radical ou estrutural». O contacto com os timorenses facilitaria-lhe a compreensão do que se passava. Cinatti regressa a Lisboa com este quadro preocupante em mente, em 1962. Em 1964, no Brevíssimo Tratado da Província de Timor sugere a ameaça de uma frente de luta armada, em Timor. Naturalmente, isto seria muito mal acolhido pelo governo de Lisboa. Em 1966 regressa outra vez a Timor, sendo esta a última vez que regressaria aquele território. É proibido de ali voltar. Em 1974 vê recusado o seu pedido de visto para visitar Timor. Em Paisagens Timorenses com Vultos adverte para o risco da sua invasão. O fascínio pelo Oriente e pelas paisagens de Timor. A solidariedade pelo povo timorense que evolui até ao «rebentar por uma causa em que acredito», como diria numa carta dirigida a Jorge Sena, datada de 13 de Outubro de 1962. A apreciação da riqueza do homem encontrada na diversidade de culturas. A visão de um desenvolvimento integrado visando o bem-estar das populações, sendo elas próprias as autoras do seu progresso. O respeito pelo equilíbrio entre o Homem e a Terra. O confronto consigo próprio e com as suas inseguranças e carências afectivas. A experiência do fracasso profissional. A insensibilidade do poder à ética, à ciência e à técnica. Finalmente, a fé. Foram estes factores que condicionaram toda a vida de Ruy Cinatti a partir da sua primeira viagem e estadia em Timor. Poeta, agrónomo, antropólogo,. Dotado de um dom natural para comunicar em poesia, chega à antropologia pela sua capacidade de amar a Terra, o Homem e Deus. Levado a Timor pela sua profissão, cedo descobre os timorenses. O respeito e o amor por este povo fariam dele um antropólogo. Em 1985 reformou-se do Instituto de Investigação Cientifica Tropical. Morre a 12 de Outubro de 1986.

http://www.cerit.org/

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