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Um escritor, um poeta, um aventureiro,

Tuesday 31 March 2009

Lasama sei visita CPLP

Reporter, Domingos da Silva Costa,

“Hau sei halao visita parlementar nian ba nasaun CPLP balun hanesan Portugal no Sao Tome Prinsipe iha semana ida ne’e nia laran”

Presidente Parlementu Nasional Fernando Lasama de Araujo, hateten ida ne’e hafoin enkontro ho Presidente Republika, Ramos Horta iha Palacio Presidente, Farol 30 Marcu.

“Hau sei halo enkontro ida ho Presidente Parlementu Nasional Jaime Gama no delegasaun ne’e sei visita parlementus iha pais CPLP seluk iha rejiaun” konfirma Lasama ba Jornalistas.

Lasama hateten durante nia vizita iha estrangeiro, Parlementu Nasional Timor sei entrega ba Vice Presidente Vicente Guterres no Maria Paixao.

Visita Parlementar ne’e sei halao to’o fim de Abril 2009.

Fonte: Teki Tabloid

Friday 27 March 2009

Hau nia dalan





Hau nia dalan maka dalan nebe loro-loron hau lao hodi “hatutan” hau nia moris.
Dalan ida nebe, loron no kalan, hau nia isin husik hela nia ain fatin.
Dalan ida nebe, hau kria hela amizade ho hau nia vizinhos sira.
Dalan ida nebe, iha dadersan hau bele rona manu fuik nia lian.
Dalan ida nebe, dadersan hau lori hau nia oan sira ba eskola, no,
lokoraik hau ba foti sira hosi eskola.
Dalan ida nebe, bainhira hau lao, hau nia vizinhos sira husu hau nia tulun nomos hau husu hau nia vizinho sira nia tulun.
Dalan ida nebe, hau nia oan sira halimar ho laran haksolok.

Hau nia dalan, fo mai hau oportunidadi barak.
Hau nia dalan, fo mai hau Liberdade no Laran Haksolok.
Hau nia dalan, dalan nebe hau gosta tamba nia fo moris mai hau.
Loron no kalan.

Nia maka loke hau nia “néon no fuan” atu hau hakfodak hosi hau nia isin nebe maten.
Nia maka fanun hau hosi hau nia dukur.
Nia maka hanorin hau konaba sentidu lolos hosi moris.
Nia maka muda hau nia neon hosi aat ba diak, hosi barukten ba badinas, hosi dukur ba hader, hosi triste ba kontenti.
Nia maka fo sentidu mai hau katak dalan ne’e naruk laiha rohan.

Ita ema lao bele lao; loron no kalan, iha udan okos, loron manas, malirin, etc…
Ita ema bele para atu hanoin…
Maibe, dalan laiha rohan, laiha fim.

Hau nia dalan, laiha rohan, laiha fim.


Dadolin no imajem: Celso Oliveira

Wednesday 18 March 2009

ELIMINAÇÃO DA POBREZA DEVE CONTINUAR A SER PRIORIDADE


Por Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, SDB, Bispo Emérito de Dili e Co-laureado Premio Nobel da Paz 1996






Ex.mo senhor Encarregado de Negócios da República Democrática de Timor-Leste em Lisboa;
Ex-mo senhor embaixador de Timor Leste junto da CPLP;
Ilustríssimo senhor presidente da Associação Timorense;
Ilustríssimo senhor Presidente da Associação Académicos de Coimbra, e Presidentes e membros das demais Associações;
Caros universitários timorenses;
Maun Alin inan feto sira;
Minhas senhoras e meus senhores:

A todos endereço as minhas cordiais saudações. Constitui para mim um prazer estar a conviver convosco neste dia, e convosco repensar na construção da nossa querida Pátria, Timor Leste. Os organizadores deste encontro pediram-me para desenvolver o Tema da Paz e do Desenvolvimento em Timor.

1. - A República Democrática de Timor Leste proclamou unilateralmente a sua independência, a 28 de Novembro de 1975, em vésperas da iminente invasão das forças armadas da Indonésia, invasão essa que veio a verificar-se no dia 7 de Dezembro daquele fatídico ano. A Restauração (Declaração) da mesma independência, feita a 20 de Maio de 2002, depois participação massiva de todos os Timorenses no Referendo de 30 de Agosto de 1999, que a desejaram e legitimaram essa independência com o seu voto, e depois de obtido o apoio da comunidade internacional, foi uma declaração que culminou depois de 24 anos de luta, sofrimentos, de fome, de doenças e de morte de um terço da população timorense.

Todos nós esperávamos que depois de 20 de Agosto de 2002, Timor Leste iria viver um período de paz, de desenvolvimento, de progresso e de bem-estar. Mas, infelizmente, estes primeiros seis anos de independência efectiva não trouxeram a verdadeira paz e justiça para todos os timorenses. De facto verificamos que apesar de todo o esforço de implementação de um Estado de direito, da construção de um país democrático, a construção do bem comum, apesar disto tudo, continua a existir antinomias que dificultam que a paz e a justiça reinem verdadeiramente em Timor. Ficamos independentes politicamente, mas permanecemos dependentes e escravos dos nosso vícios ancestrais: ódios, invejas, violência, divisões, sede do ter e do poder, falta de maturidade política, falta de cultura de paz, cultura de cidadania, cultura de diálogo, de tolerância, de perdão. Falta-nos ainda a perseverança e o gosto pelo trabalho, pelo estudo. Invadiu-nos e invade-nos o desejo de obter tudo num só dia: dinheiro, habitação, emprego, desenvolvimento económico e social, fama, nome e felicidade. Podemos afirmar que a independência não é uma meta final, um edifício já acabado, mas uma realidade a ser construída dia pós dia, com sacrifício, perseverança, generosidade e a firme vontade de todos os Timorenses. Diziam os nosso guerrilheiros: “A Luta continua…”. Pois a construção de um Timor livre, soberano e independente não acabou, por isso, a Luta continua. Não já uma luta com armas brancas ou convencionais, mas com as armas da inteligência, da vontade, da capacidade de respeitar os direitos humanos e de trabalhar para o bem comum de todos os Timorenses. Luta contra o analfabetismo, a iliteracia, intolerência, contra a preguiça, do ganho fácil, do sucesso fácil, contra o pessimismo, o desânimo, etc. etc.
Se olharmos para o nosso passado, para a nossa história como povo nos últimos quinhentos anos, repararmos que ao longo da história, apesar de sermos um povo pequeno, e para mais divididos em pequenos reinos, com costumes semelhantes mas com línguas diferentes, (os entendidos no passado chegaram a registar 33 dialectos), que nossos antepassados andavam em contínuas conflitos e guerras. O que levou a Afonso de Castro governador de Timor entre 1859 a 1862, a afirmar que “a guerra fazia parte do dia do indígena, ou que o indígena está tão arreigado à guerra, que não pode viver sem ela”.

Já em 1811, nas suas recomendações ao Governador Vitorino Freire da Cunha Gusmão, o Conde Sarzedas, Vice-rei da Índia, falando de 64 reinos existentes em Timor dizia: “A Província dos Bellos compreende 46 reinos, de maior e menor poder, mas todos livres e independentes entre si, e terão alista mandada extrair entre 1722 e 1725, 40 mil de armas, 3.000 espingardas e os mais de espada, rodelas, zagaias e arcos e frexas. A província de Servião te 16 reinos (…) terá 25.000 homens de peleja, 2.000 de espingarda, e os restantes de zagaias, arcos e frexas e espadas e rodelas”. (Doc. P.151).

Praticamente durante os 4 séculos de convivência com os Portugueses, nunca em Timor se registou um século de tempo de paz. No século XVII, houve conflitos entre os reinos por causa do comércio de sândalo, de cera, e de escravos. Em 1640, deu-se a invasão do Imperador Carriliquio de Talo, Celebes (Sulawesi), que depois de meses de ataque às povoações marítimas de Timor, fez 4 mil escravos. Em consequência desse ataque, responderam os portugueses (Frades e mosqueteros) destruindo o reino de We-Hali.

No segundo quartel do século XVIII, deu-se a famosa guerra de Cailaco que durou quase 50 anos (1719-1760). Ao longo do século XIX, registaram-se várias rebeliões contra a soberania portuguesa. Já no fim do século o governador José Celestino da silva conseguiu impor a pacificação (Ver René Pelissir, Timor en Guerre: Le Crocodile et les Portuguais (1874-1913); o romance Ana Joana, a Batalha das Lágrimas). O século XX: a guerra de Manufahi (1911-1912) comas de 4 mil vitimas; (ver Jaime do Inso, Timor 1912); a ocupação japonesa (1942-1945) com mais de 60 mil mortos. A revolta de Viqueque e Watolari (1959). Ocorre este ano o quinquagésimo aniversário desse acontecimento, cuja história está ainda por se escrever…

A invasão indonésia e consequente ocupação (1975-1999). Sem dúvida muitos dos conflitos eram entre os Timorenses e as potências coloniais e /ou estrangeiras. Mas também havia conflitos entre os timorenses; vários os motivos: o roubo do gado, a ocupação de propriedade, o rapto de princesas, etc. (ver o Livro do Padre José Bernardino Rodrigues, o Rei de Nari, 1961).Todo este passado criou nos timorenses uma mentalidade de ódios, vingança, de conflitos e de guerra. Por isso, sem querer cantamos: “horu uluk hori wain, timor oan assuwain”. Os acontecimentos de 2006 e o “11 de Fevereiro” de 2008 devem alertar-nos para uma educação contínua para os valores da paz, da justiça, da democracia e dos direitos humanos.

2. - ”Pensar a paz é numa sociedade justa”, constitui e representa a nossa maior luta nos dias que correm. Como vimos sucintamente a história passada do nosso povo, o fenómeno da guerra contribuiu para a perda de vidas, de bens e do atraso económico e social do nosso povo.

“Não matar” é a ordem dada por Deus ao homem e é da ordem natural. Mas o homem desde sempre quebrou este preceito. A guerra é a violação mais atroz e universal das leis da convivência humana. A história humana é a história de tantas guerras. A guerra é um flagelo e não representa nunca um meio idóneo para resolver os problemas que surgem entre as nações. “Nunca foi e jamais será porque gera conflitos novos e mais complexos. Quando deflagra, a guerra torna-se uma carnificina inútil, uma aventura sem retorno, que compromete o presente e coloca em risco o futuro da humandiade” . O Papa João XXIII, dizia: “ Nada se perde com a paz; mas com a guerra, tudo pode perder-se” (Pacem in Terris, 288). Vamos, portanto, cultivar a paz, e espalhar as sementes de paz nos vales, planícies e montanhas de Timor Loro Sa’e.

Mas o que é paz? A palavra portuguesa PAZ, a inglesa “peace”, a francesa “paix”, a espanhola “paz”, a italiana “pace”, provem da palavra latina “pax, pacis,” e o seu correspondente em hebraico é Shalom. E shalom deriva da raiz shelemut, que significa plenitude, perfeição. Na Bíblia a palavra shalom aparece sempre associada a hum estado de harmonia, tranquilidade e prosperidade. Shalom significa ainda bênção, manifestação da graça divina. Está também ligada à ausência de guerra e sugere um estado de ordem e tranquilidade. Santo Agostinho, um bispo do século IV, definia precisamente a paz como a “tranquilidade na ordem”. A paz não é unicamente ausência de guerra, nem se reduz a um mero equilíbrio de forças adversas, nem provém de um domínio despótico, mas define-se com razão e propriedade, obra da justiça. ´E fruto de uma ordem inscrita na sociedade humana por Deus.

Segundo alguns historiadores, o conceito de “Pax”, vigente no Império romano, indicava o período em que, a nível interno, não haveria guerras nem conflitos. Essa situação de ordem e tranquilidade nos domínios romanos, denominava-se “Pax Romana”. Ligada ao conceito de “pax”, os romanos cultivavam outros conceitos abstractos como concórdia, honor, fides, virtus, visctoria.

O papa Paulo VI (163-1878), de feliz memória, deu um novo nome à Paz. Dizia ele que o “novo nome da paz é o desenvolvimento”. Nesta perspectiva, a paz significa a erradicação de injustiças e desigualdades de ordem economia e social, erradicação de invejas, de desconfiança e de orgulho que grassam entre os homens e nações e que são uma constante ameaça à paz. E Concílio Vaticano II, na Gadium et Spes, afirma: “ as instituições da comunidade internacional devem, cada um a seu modo, prover as necessidades das pessoas e dos povos, tanto no sector da vida social a que pertencem a alimentação, a higiene, a educação, o trabalho, como em algumas condições, como por exemplo a necessidade geral de fomentar o progresso das nações subdesenvolvidas, ir o encontro das necessidades dos refugiados dispersos pelo mundo inteiro, ou de ajudar os emigrantes e suas famílias” n.85).

Como dissemos acima, a paz é fruto da justiça. De facto, por trás de cada conflito pode-se notar facilmente uma drástica negação da justiça. A exigência da justiça aumenta no mundo actual e a resposta a tal exigência, ou não chegam ou chegam muito lentamente. “Não atender a tal exigência poderia propiciar o irromper duma tentação de resposta violenta, por parte das vítimas da injustiça, como acontece na origem de muitas guerras. As populações excluídas da partilha equitativa dos bens, destinados originariamente a todos, poderiam perguntar-se : por que não responder com a violência a quantos são os primeiros a tratar-nos com violência?” (João Paulo II, Sollicitudo Rei Socialis 10, 2). A injustiça nasce da falta de respeito pela dignidade da pessoa e elo desprezo dos seus direitos fundamentais. Desprezar a pessoa humana é prepará-la para o conflito. A justiça fundamenta-se no respeito pelos direitos humanos. Justiça e paz não são conceitos abstractos nem ideais inacessíveis, são valores inseridos no coração de cada pessoa, como património comum. Indivíduos, comunidades, nações são chamados a viver em justiça e a trabalhar para a paz.

A pobreza extrema, onde quer que ela surja, é uma injustiça primordial. A sua eliminação deve permanecer como uma prioridade tanto ao nível nacional como internacional. “…Não se pode tolerara um mundo onde vivem lado a lado super-ricos e miseráveis, pobres privados mesmo do essencial e gente que esbanja desenfreadamente aquilo que outros têm desesperada necessidade. Tais contrastes são uma afronta à dignidade da pessoa humana” (João Paulo II, Mensagem Dia Mundial da Paz, 1988, n 4). Os povos em vias de desenvolvimento a viverem em pesada pobreza, sofrem não só de uma economia negativa, mas também de analfabetismo, de inabilidade para participarem na construção da sua terra, de exploração nos sectores económico, social e político. O seu direito a iniciativas económicas ficam sem capacidade para explorar os próprios recursos e desenvolver as tecnologias, a fim de alcançarem a um desenvolvimento económico próprio. A dependência cresce e a igualdade de cada um na sociedade diminui. Gradualmente, um partido político usurpa o papel de guia, tornando os indivíduos meros objectos. Os direitos humanos passam a ser espezinhados. O subdesenvolvimento causa tensões internas num país, criando-se, assim, pouco a pouco, situações de conflito.

3. A educação para a Paz: A primeira iniciativa para prevenir a guerra é a educação para paz. Deve-se iniciar este processo, começando na família e continuando na escola. Cada estado verdadeiramente amante da paz tem de insistir na formação dos seus cidadãos para a paz. Esta educação deve passar a englobar todos os sectores da sociedade. A educação para a paz é uma educação que deve mostrar outra visão da guerra, com o fim de evitar que o fenómeno bélico seja considerado como algo normal. Mas que há outras soluções alternativas não violentas. A educação para a paz deve ser um esforço para consolidar uma nova maneira de ver, entender e viver o mundo, começando pelo próprio ser e continuando com os demais, horizontalmente, formando uma rede, dando confiança, segurança, autoridade às pessoas e às sociedade, fazendo intercâmbios, superando desconfianças, ajudando a mobilizar e superar as diferenças.

A educação para a paz é uma educação para a cidadania global, e isto implica favorecer a compreensão da interdependência global e os laços entre as zonas mais ricas e as mais pobres. É uma educação que promove o multiculturalismo, o conhecimento da diversidade social e cultural desde a sua própria percepção superando o racismo e a xenofobia.

A educação da paz deve ser uma tarefa de todos. Em primeiro lugar a tarefa do Estado. Trata-se da defesa dos valores democráticos e da boa governação a partir de promoção de uma boa política educativa que contemple os valores da paz, solidariedade e justiça social. Na educação formal, deve-se promover um currículo que favoreça uma maior compreensão das raízes da violência. Para isso, é necessário melhorar as formação de docentes, os planos de estudos, os conteúdos dos manuais e cursos e de outros manuais pedagógicos como as novas tecnologias.

Em 1974, a UNESCO publicou uma recomendação sobre a educação para a compreensão e a educação relativa aos direitos do homem e à liberdade fundamentais. Na recomendação 33, apresentaram-se os objectivos que deveriam ser considerados como ‘princípios directores´ da política de educação de qualquer Estado:
a. Uma dimensão internacional e uma perspectiva mundial da educação a todos os níveis e sob todas as formas;
b. A compreensão e o respeito de todos os povos, das suas civilizações, dos seus valores e dos modos de vida, incluindo as culturas das etnias e de outros nações; c. A consciência de interdependência mundial crescente dos povos; d. A capacidade comunicar com outros povos; e. A consciência não só dos direitos, mas também dos deveres que os indivíduos, os grupos sociais e as nações têm uns para com os ouros; f. A compreensão e a necessidade da solidariedade e da cooperação internacionais; g. A vontade, nos indivíduos de contribuir para resolver os problemas das suas comunidades, dos seus países e do mundo” (Conferencia Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação. A Ciência e a Cultura, Paris, 17 a 23 de Outubro de 1974, p.34).

4. Educação para a Cidadania
A crescente globalização, quer da economia, da cultura e do mercado, quer das estruturas politicas regionais ou mundiais, tem vindo a descarecterizar os modelos nacionais, com as respectivas filosofias na política da educação. A escola é solicitada a incluir uma educação de cidadania que extravasão espaço nacional e se assume cada vez mais global. Naturalmente a educação para a cidadania para ser compreensiva terá de ser ter estas dimensões: educação para a cidadania nacional; educação para a cidadania regional (educação europeia, africana, americana ou latino-americana, asiática, e educação para a cidadania mundial.

Assumindo-nos como cidadãos do mundo, como membros da Família das nações ou da humanidade, podemos apontar os seguintes temas a serem transmitidos nas famílias, escolas e na sociedade civil:
- a defesa do planeta e doa ambiente; a paz universal, o desenvolvimento económico, cientifico e técnico aos serviço de todos os homens;
- a igualdade entre homens e mulheres; - a tolerância e o combate contra a exclusão, o racismo, a xenofobia, o fanatismo religioso;
Resumindo, esta educação para a cidadania global, incluiria estas vertentes:
a. Educação para a cidadania s democrática, centrada no valor da pessoa humana e na sua dignidade; b. Educação para a cidadania social: isto é, agir em defesa dos mais fracos e carenciados, o que significa a realização da justiça social; c. Educação paritária, visa a defender a igualdade entre o homem e a mulher, igualdade de direitos e deveres; d. Educação para a cidadania intercultural, equivale impulsionar o diálogo entre as culturas, o diálogo entre as religiões; e. Finalmente, uma educação para a cidadania ambiental que vise a qualificação total do ecosistema e na sua preservação, e aponta para estratégias de desenvolvimento sustentável que venha a ter um rosto verdadeiramente humano.

Caros compatriotas “maun alin no ina feto sira”: falamos da paz e da justiça, da educação para a paz, direitos humanos, democracia e da cidadania e do diálogo a serem implementados na nossa Pátria. Mas quem é que os vai implementar? Todos nós: os nossos compatriotas que estão lá em Timor, no Território, e os que estamos no Estrangeiro. Em qualquer ponto do mundo onde nos encontrarmos, quer como estudantes, como trabalhadores, como famílias ou como indivíduos, a construção da Pátria deve constituir a nossa contínua preocupação. E nesta tarefa ingente, exige-se da parte de cada um de nós o sermos perseverantes no trabalho, no estudo, cultivando unidade, respeito, tolerância e um grande sentido de patriotismo para podermos tirar o país do grau da pobreza em que se encontra.

A Luta da consolidação da democracia, do estado de direito, da paz, da justiça e da fraternidade nunca e uma tarefa acabada. Por isso, mesmo depois de seis anos de independência, podemos ainda gritar bem alto: Maun alin inan feto sira: A Luta continua!... A todos bem-hajam

Encontro de Quadros Timorenses em Coimbra
Coimbra, 14 de Março de 2009.

Tuesday 17 March 2009

A PAZ E O DESENVOLVIMENTO EM TIMOR LESTE
Por: Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, SDB, Bispo Emérito de Dili e Co-laureado Premio Nobel da Paz 1996



1. História:
a) Fontes chinesas:
As primeira referências a ilha de Timor, datam de 1225 e foram dadas por um inspector chinês do comércio exterior, Chau-u-KUA, segundo o qual "Timor era um local rico em sândalo". A outra referência é do ano de 1350. Nesse longínquo ano um chinês de nome Tão-i-chin Lueh fez a descrição da ilha de Timor. "Nas montanhas (de Timor) não crescem outras árvores que não sejam sândalo, que é muito abundante. É trocado por prata, ferro, chávenas, tecido etafetás coloridos dos países orientais. Há na totalidade doze locais que se chamam portos" (In Gun, op. cit. p.56). "Os registos da dinastia Ming são eloquentes descrevendo Timor como uma ilha coberta de madeira aromática, tendo pelo menos dez locais de desembarque onde os mercadores chineses aportavam". Nessa mesma época foi aberta por marinheiros chineses, uma rota marítima directa para Timor. E a terceira referência data do ano 1430. Num manuscrito anónimo refere que a Ilha de Timor era o destino mais ao sul de cerca de 100 viagens. Nesse manuscrito, a palavra ‘Timor’ "Ch’in-Wen’ e Cupão (Kupang), a actual capital de Timor Ocidental, dizia-se "Chu-pang". Outra fonte ainda relata que "as montanhas de Timor estavam cobertas de árvores de sândalo, e o país nada mais produzia".

Estudiosos holandeses determinaram que na época do império javanês de Srivijaya (por volta do séc. X, d.C.) o sândalo de Timor era transportado até ao estreito de Malaca e sai, para Índia e China.

b) Fontes portuguesas:
Os navegadores portugueses chegaram às Ilhas da Insulíndia, depois da conquista de Malaca, por Afonso de Albuquerque em Agosto de 1511. Depois da Conquista de Maca Albuquerque recebe do rei de Portugal ordens para enviar uma expedição às Ilhas Molucas para determinar em que lado do meridiano se situavam e estabelecer relações com os governantes locais e assegurar o monopólio português sobre o comércio da especiarias e do sândalo. Em Novembro ou Dezembro desse ano, partiu uma missão composta por três armadas (a nau santa Catarina, Sabaia comandada por Francisco Serrão), e comandada por António de Abreu. O segundo comandante era Francisco Serrão, acompanhado por Francisco Rodrigues, o cartógrafo pioneiro das Índias Orientais. Consoante o estudo dos roteiros seguidos, os navios bordejavam a costa norte de ilha de Sumatra, Java. Bali, Sumbawa, Solor, Weter , e daqui rumaram para o norte, singraram direitos à ilha de Amboina, ancorando na ilha de Ceram, aproando seguidamente para Banda, onde colocaram padrões. Depois seguiram para as ilhas de Ternate e Tidore.

Já que estamos a falar das ilhas Molucas, recordamos a estância de Luís de Camões:
"Olha cá pelos mares do Oriente,
As infinitas ilhas espalhadas:
Vê Tidore e Ternate co fervente
Cume que lança as flamas ondeadas:
As árvores verás do cravo ardente
C’o sangue português inda compradas:
Aqui há as áureas aves que não decem
Nunca à terra, e só mortas aparecem".
Canto X, 132.

Quanto a Timor, Luís de Camões escreve: Canto X, estancia 34:
"Ali também Timor, que o lenho manda
Sândalo, salutífero e cheiroso.
Olha Sunda, tão larga que uma banda
Esconde para o Sul dificultoso;
A gente do Sertão que as terras anda,
Um rio diz que tem miraculoso,
Que, por onde ele só, sem outro, vai
Converte em pedra o pau que nele cai"

Historiadores portugueses como Armando Cortesão e Humberto Leitão defendem que Timor não foi avistado nesta viagem. Enquanto que as ilhas de Flores e Solor foram delineadas e representadas por Francisco Rodrigues. Apesar disso, e conforme atestas os dois autores cima citados, que com base em várias cartas e documentos, os Portugueses certamente estabeleceram contactos com Timor dentro de um período de três anos a partir da primeira expedição saída de Malaca.

De facto no dia 6 de Janeiro de 1514, Rui de Brito Patalim por carta endereça ao Rei Dom Manuel I, dá conta dos navios que de Malaca haviam partido para Java, Sunda, Bengala, Palaecata e Timor. Menciona a ilha de Timor, dizendo: "He huã ylha alem de Java. Tem muytos sândalos, muyto mel, muyta cêra. Non tem juncos para navegar. He ylha grande de cafres. Por non haver juncos, non foram lá…"(In A. Faria de Morais, Solor e Timor, p.81).

O boticário Tomé Pires, anotou em 1515, na sua Suma Oriental, uma "rota entre esta ilha de Solor e de Bima e o canal para as ilhas de Timor". E diz ainda: "Os mercadores malaios dizem que Deus criou Timor para o sândalo, Banda para noz moscada e as Molucas para os cravos da índia e que estas mercadorias não se encontram em mais parte nenhuma parte do mundo". Timor, juntamente com Solor, também é mencionado em diversos parágrafos no manuscrito de Duarte Barbosa intitulado Livro em que dá relação do que viu e ouviu no Oriente, escrito em 1516.

Entretanto em 1516, Jorge Fogaça, mandado indubitavelmente por Jorge de Brito (1515-1517) realizou uma viagem a Timor, e no regresso levou um bom carregamento de sândalo. Diz-se que Fogaça recorreu à força quando estava para recolher a mercadoria, lançando assim a semente de futuros conflitos entre Timorenses e portugueses. Da carta escrita ao Rei, D. Manuel por Jorge de Faria, a 5 de Janeiro de 1517, , lê-se : "deixaram uma terra em tumulto, dado que os portugueses espancaram os mercadores da terra".

Seis anos mais tarde, isto é, no ano de 1522, concretamente no dia 26 de Janeiro, chega às costas de Timor a nau "Vitória". Comandada por Juan Sebastian del Cano e tripulada por 46 espanhóis e 13 nativos, e embarcados durante a viagem ao largo de Amabau (?). A descrição da estadia nas povoações costeiras de Timor foi feita por António Pigafetta, cronista (cf Gunn, op. cit., p.60). Estiveram lá 18 dias. Pigafetta anota a existência da doença venérea "sífilis" (maladie portugaise) ou doença S. Job. Sobre os contactos mantido entre os espanhóis e timorenses, em 1522, diz o cronista, Pigafetta:
"No sábado, 25 de Janeiro de mil quinhentos e vinte e dois, partimos da ilha de Mallua (Allor). E no Domingo seguinte chegámos a uma grande ilha a cinco léguas de distância da outra, entre sul e sudoeste. E eu fui à terra sozinho, para falar com o chefe de uma terra chamada Amabau, para ver se ele nos podia fornecer mantimentos. Respondeu que nos daria bois, porcos e cabras; mas não conseguimos entrar em acordo porque ele queria, em troca de um boi, demasiadas coisas das quais tínhamos pequena quantidade. Assim, com a fome a pressionar-nos, retivemos no nosso barco, juntamente com o seu filho, um dos homens importantes de outra cidade chamada Balibó. E, com o medo de que o matássemos, deram seis bois, cinco cabras e dois porcos e, para completar o número de dez porcos e dez cabras, deram-nos um boi, dado ter sido este o resgate que pedimos para eles. Mandámo-los então para terra e forma muito contentes porque lhes demos linho, tecidos de seda e de algodão, facas, espelhos e outras coisas" (in Gunn, p.60).
Sobre o povo de Timor, sua forma de governação e o ainda existente mito do seu ouro, Pigafetta, prossegue:
"Esse senhor de Amabau, com quem falei, tinha só mulheres ao seu serviço, Andam, como as outras, todas nuas e usam nas orelhas pequenas argolas de ouro pendurado por fios de seda, e nos braços, até aos cotovelos, muitas pulseiras de ouro e algodão. E os homens andam como as mulheres, mas suam, ao pescoço, certas argolas de ouro arredondadas e de tamanho de um trincho, e usam, no penteado, pentes de bambu enfeitados a ouro. Alguns usam também outros ornamentos de ouro…Do outro lado da ilha estão quatro irmãos, os seus reis. E onde estivemos só há cidades e alguns chefes e senhores destas. Os nomes das habitações dos quatro reis são: Oibich (Oebico), Lichsana, Suai, Cabanasa. Oebich é a cidade maior. Em Cabanaza (segundo nos disseram) há ouro numa montanha e eles compram tudo com um certo tipo de pequenas peças que têm". (Gunn, p.61). (…) " A ilha é toda habitada e é muito comprida no sentido este-oeste, de norte a sul, não muito larga. Situa-se a dez graus de latitude na direcção do pólo Árctico e, em longitude, a cento e sessenta e quatro graus e meio da linha de separação, e chama-se Timor".

No entanto, até meados do século XVII, não ouvimos falar de estabelecimentos de feitorias portuguesas ou entrepostos comerciais.

Quando se fala da missionação de Timor e ilhas circunvizinhas, costuma-se citar o nome do padre Frei António Taveira, dominicano, que no ano de 1556, teriam baptizado cinco mil pessoas nas ilhas de Timor e Ende (Flores). Desde 1561, altura em que se estabeleceram os Frades Dominicanos em Solor, até 1702, Timor, Solor e outras ilhas foram "governadas"por frades dominicanos. O segundo missionário que esteve em Mena, foi o padre Frei Belchior da Luz ou das Antas. Em 1633, aparece na costa norte, no reino de Silawan, hoje a dois quilómetros de Batugade, o padre Frei Cristóvão Rangel que converteu o régulo, e construiu ali uma igreja e uma capela.

Até 1613, os Portugueses contentaram-se com a sua base na Ilha de Solor como ponto de recolha para produtos vindos de Timor, e ocupavam um pequeno forte em Kupang, no Timor ocidental. A 20 de Abril de 1613, os Holandeses conquistam Solor, e dali enviam as suas naus para se apoderarem das povoações costeiras de Timor, sobretudo na parte ocidental. Com a presença permanente da Companhia das Índia orientais, os holandeses firmam diversos acordos com os chefes locais, que entram em contínuos conflitos com os Portugueses. Entretanto, em 1627, as funções de governador de Solor foram assumidos por Jan d’Hornay, protegidos de holandeses. Por causa das divergências, Jan d’Hornay, converte-se ao catolicismo e alia-se aos Portugueses. Ele seria o chefe de uma numeroso clã que juntamente com o de Mateus da costa iria, dominar a cena política e social de Timor ao na segunda metade do século XVII, e na segunda metade do século XVII.

Em 1640, deu-se a invasão de Timor por uma poderosa armada de Karrilikio (Camiliquio) sultão de (Tolo) Tallo, em Sulawesi (Celebes). Avançou sobre Timor atacando as costas norte e sul com uma frota de 150 "perahu" (barcos à vela) e 700 homens e procurou os nativos a levantarem-se contra os Portugueses. Após três meses de devastação ao longo do litoral de Timor e alguns êxitos na conversão de alguns chefes timorenses, Karrlikio retira-se. No entanto, a sua acção obrigou os Portugueses então residentes em Larantuca, na ponta oriental da ilha de Flores, a transferir as suas actividades para Timor.

É neste contexto que entra em cena um dos grandes apóstolos de Timor, o padre Frei António de São Jacinto, dominicano e vigário-geral de Solor. Acompanhado de 70 soldados, partiu de Larantuca para Mena, encontrou-a destruída e o seu chefe morto. A rainha viúva, devido à invasão muçulmana, foge para o interior, a cerca de 12 léguas de distância. Depois de ter sido auxiliada pelo padre Frei António de S. jacinto, a rainha converte-se e regressa a Mena. A partir daqui, sobe de intensidade a influencia do dominicano junto dos régulos. Movidos pelo exemplo e palavras de António de S. Jacinto, convertem-se os régulos ou chefes de Lifau, Oe-Cusse, Amanuban e Kupang. Por causa da influência dos muçulmanos de Celebes junto de alguns chefes timores, os portugueses organizam uma expedição contra o Reino de Behale que foi destruído. Comandada por Francisco Fernandes, esta operação tomou a forma de quatro desembarques de dois corpos de tropas, realizados a 26 de Maio de 1641 e envolveu, ao todo, 90 soldados e frades dominicanos. A vitória sobre Behale ou Wehale, em 1642, trouxe a conversão de vários reis, e a consolidação da soberania portuguesa na parte leste, conhecida pelo nome Província dos Belos. Os reinos que abraçavam a fé, juravam também lealdade à Coroa de Portugal. Além disso tinham de pagar ao superior da missão dominicana certos artigos, como tributo, bem como de fornecer efectivos humanos em caso da ameaça da parte dos holandeses ou régulos rivais.

Os Holandeses: Com a tomada de Malaca em 1642, os holandeses começam a marcar sua presença no Arquipélago indonésio. Em 27 de Janeiro de 1562, sob o comando do general Arnold de Vlamingh von Outshroom, uma armada de holandeses desembarcam na baía de Kupang e avançam sobre a povoação de Amarasi. Mas Arnold van Vlaming foi derrotado e retirou-se para Solor. Em 1660, os holandeses com uma esquadra de 26 barcos fizeram uma malograda tentativa para destruir Larantuca. Foi para reagir a este constante assédio dos holandeses que o Vice-Rei António Melo de Castro, decidiu em 1665 criar o posto de capitão-mor de Timor, para coordenar a luta contra os holandeses. O primeiro a ocupar esse cargo foi Simão Luís.

A 6 de Agosto de 1661, A Holanda e Portugal assinaram um acordo de paz. Segundo esse acordo, ficava determinado que cada potência reservaria para si os territórios já ocupados em Solor e Timor. Os Holandeses conservavam Kupang, mas com a obrigação de fornecer duas corvetas armadas para o serviço do governador português, uma para transportar os impostos colectados em Timor, e outra para defender a costa contra os ataques de Macáçar. (Gunn, p. 85).

Lifau, Foi neste período, que, uma vez perdidas Macaçar e Kupang os Portugueses, sobretudo os mercadores de sândalo, começaram a frequentar a povoação costeira de Lifau. Vários foram os pedidos ao Governo central de Lisboa para se estabelecer estruturas permanentes de governo em Timor. A partir de 1695, o Vice-rei do estado da Índia começou a fazer tentativas de colocar em Lifau um governador. Assim o primeiro governador a ir para Timor foi António de Mesquita Pimentel, mas infelizmente foi expulso por Domingos da Costa. O seu sucessor André Coelho Vieira foi preso por Domingos da Costa e reenviado para Macau. Por volta de 1697 Lifau já se podia considerar a capital de Solor e Timor. Segundo William Dampier que visitou Lifau no decurso da sua estadia de três meses em Timor, verificou que na povoação estava firmemente estabelecida uma comunidade com estruturas básicas. Dampier encontrou em Lifau três portugueses, dos quais dois eram padres. A população era constituída na sua generalidade por mestiços portugueses e alguns residentes chineses que traficavam cera, ouro, escravos, e sândalo em troca de arroz, porcelana e certos produtos europeus importados anualmente de Macau numa frota de 20 navios. Em termos de governo, observou Dampier, a verdadeira autoridade pertencia ao capitão-mor, um homem chamado António Henriques, um português enviado pelo Vice-rei de Goa. (cf Gunn, pp.86-87).

A partir 20 de Fevereiro de 1702, a praça de Lifau passou a ser governada com mais rigor, como sede de governo português em Timor. O primeiro a desempenhar as funções de governador e capitão general das Ilhas de Timor e Solor, foi António Coelho Guerreiro( 1702-1705). Este governador deixou-nos o primeiro mapa de Lifau. Datada de 1702, revela uma estrutura urbana razoavelmente complexa, com elementos militares, civis e eclesiásticos, incluindo a Ermida de Santo António e um hospital. Quando foi nomeado, António Coelho Guerreiro tinha a obrigação de neutralizar o domínio holandês e chinês sobre o sândalo e de tomar posição firme contra a rebelião do Clã dos Costas. O governador empenhou-se em equilibrar o poder dos régulos timorenses, conferindo a categoria de "datos", ou de ‘coronel’. Por causa de várias circunstâncias adversas, António Coelho Guerreiro acabou por abandonar o cargo e partiu descontente para Goa. A seguir, foram nomeados governadores de Timor e Solor: Jácome de Morais (1708-1709), Manuel de Sotto Mayor (1709-1713), Manuel Ferreira de Almeida (1713-1718), Francisco de Mello e Castro (1718-1720 e António de Albuquerque Coelho (1722-1725). O governo interino do Bispo Frei Manuel de Santo António (vários frades dominicanos, como governadores interinos).
Timor foi nesse período de contínuas revoltas e sublevações. O caso dos topasses.

Em 1719, deu-se a primeira grande sublevação, mais conhecida pela "Rebelião de Cailaco". Na sequência de diversos actos de revoltas, que incluíram o assassinato de dois missionários dominicanos e a profanação de igrejas, vários chefes dos reinos da região centro e ocidental (Lamaquitos e outros) aliaram-se ao rei de Camanasa para expulsarem de Timor os Portugueses e os cristãos. Para esse fim celebraram um pacto de sangue de acordo com os ritos locais. O pacto consistia num juramento de lealdade entres participantes acompanhado pelo sacrifício ritual de um galo e de um cão e pela ingestão do respectivo sangue. Iniciou-se a rebelião contra os Portugueses e durou 50 anos. Em 1722, deu-se a guerra de Luca. As causas: rejeição de pagamento de fintas (impostos). Era uma espécie de tributo pagável pelos reinos considerados leais. As fintas incluíam sândalo, óleo, trigo ou qualquer produto exportável. A primeira codificação do sistema foi estabelecido pelo governador António Moniz de Macedo (1725-29; 1734-39), contemplava ambos os por sexos e abrangia reinos e sucos. Liderado por Camanasa, os reinos de Lemac Hitu, Cailaco, Leo-Hitu, Sani, Atsabe, Leimean, Diribate e Hermera. Uniram-se O governador António Moniz de Macedo procedeu o castigo dos rebeldes e encarregou o capitão-mor da província, Gonçalo de Magalhães de atacar os redutos dos reinos rebeldes. Foi então decidido atacar Cailaco, considerado o quartel-general dos rebeldes.

Em 1769, deu-se o cerco da Praça de Lifau. Em 1766, deu-se o envenenamento do governador Dionísio Galvão Rebelo (1760-1766) por Francisco Hornay, António da Costa, Quintino da Conceição e Lourenço de Mello. Foram entretanto nomeados governadores interinos, frei António de S. Boaventura e o régulo José Rodrigues Pereira. Francisco de Hornay maquina tomar o lugar de governador. Entretanto chega o novo governador, António José Teles de Meneses ( 1768-1775). Entretanto dificuldades de toda a ordem (falta de alimentos, comunicações com o interior cortadas, a praça cercada por topases de Francisco Hornay), decide o governador abandonar Lifau., no dia 11 de Agosto de 1769. Depois de ter embarcado a população (cerca de 1200 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças) os navios São Vicente, e de Santa Rosa, que haviam chegado de Macau, e de ter carregados bagagens e material de guerra, António Teles de Meneses toma o rumo do oriente indo estabelecer a nova sede do governo na praça de Díli, aonde chegaram a 10 de Outubro desse mesmo ano.

A localização de Díli numa planície aberta oferecia uma defesa natural e era rica para cultivo de arroz. Entretanto, Lifau e os reinos circunvizinhos ficaram em poder de Francisco Hornay, e o comércio do sândalo na mão dos chineses. Depois de ter estabelecido a nova capital na praça de Díli, e de ali ter hasteado a bandeira, cerca de 42 reis da Província dos Belos deslocaram à Praça para jurara a lealdade a Portugal. Nos anos sucessivos todos os reinos se mantiveram em paz, à excepção de Luca onde deflagrou um revolta chamada a "guerra dos loucos"ou dos doidos. (1781-178). Assim chamada porque a revolta tinha sido chefiada por um pretenso profeta que se julgava invulnerável. Esse homem comandando ‘gente rude, ignorante e supersticiosa, no dizer do governador Afonso de Castro, marchou sobre Díli. A rebelião foi esmagada pelo governador João Baptista Vieira Godinho (1785-1788).

Até a fim do século registaram-se várias revoltas, praticamente em todos os reinos dos Belos. Em 1778, houve rebeliões nos reinos de Belu e Manatuto. Em 1790, nos reinos de Maubara e Senobai. No reino de Manatuto, muitos liurais (Dom Matias Soares, Boaventura Soares Doutel e Francisco Soares Doutel) e cristãos aliaram-se ao Governador do Bispado, contra o governador. António Feliciano Nogueira Lisboa (1788-1790).

Por alturas do novo século, a administração estava fracionada entre o liurai de Motael, cujo reino se tornara uma poderosa independente e a Igreja, com a sede em Manatuto. Em 1881, havia 23 reinos fiéis a Portugal e que eram considerados tributários. E outros 18 reinos aliados. Para impedir os ataques de franceses, ingleses e holandeses e dos topases, o governador João Baptista Vesquain mandou construir uma fortaleza em Díli. Formaram-se os moradores, isto é forças civis militarizadas, os de Bidau (naturais de Solor) e Sicas, naturais de Flores (Sicca).Havia um corpo de soldados de regulares, constituído por europeus e cipaios provenientes de Goa.
O desenvolvimento do comércio (cf. Gunn. P.122-124): na primeira metade do século XIX, registava-se a presença de uma comunidade chinesa em Díli e isso deveu-se ao comércio do sândalo em vários pontos da ilha. Durante a visita de F.E. de Rosely a Díli, observou no porto de Díli dois navios portugueses de Macau, cada um deles de 300 toneladas. Chegaram em Março e regressaram em finais de Junho com uma carga de sândalo, mel e alguns escravos. Além de comerciantes de Macau, havia os macáçares que faziam de intermediários entre Timor e Macau. Produtos procurados de Timor: além do sândalo, exportava canela vendida para Goa, couros, cobre, cachalotes, bambu, tabaco, mel, sal búfalos e cavalos. Crawfurd, escrevendo em 1820 três produtos Principais de exportação; SANDALO, CERA E BALEIA. (p.126-128)

A primeira plantação de café foi feita em 1815, no tempo do governador José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa (1815-1819). Foi ele quem enviou 20 homens numa expedição em busca do petróleo nos reinos de Bibicussu, Samoro, Turiscai e Tutuluro. Por volta de 1858, o café figurava já nas estatísticas das exportações como tendo um elevado volume de produção e um elevado valor comercial, ao lado das exportações mais tradicionais, como cera, mel, couros, trigo, sândalo tartarugas, cavalos. Nessa altura parou a exportação de escravos (Gunn, p.147). Em 1867, a economia de café, em Timor começou a crescer de "um modo extraordinário", como se dizia num relatório oficial. No mês de Setembro desse ano, cinco navios holandeses e um inglês (ou seja, um total de 661 toneladas) chegaram a Díli provenientes de Kupang, Melbourne, Amboina e Macáçar, para carregar café e sândalo. No ano económico de 1858 a 59, exportaram-se 19 toneladas de café. No ano de 1860, 61 toneladas e em 1865, 145 toneladas.
O seu sucessor, Manuel Joaquim de Matos Góis (1831-1832) contratou um perito para pesquisar ouro, cobre, enxofre e outros recursos minerais.

Na década dos anos 30 do século XIX, surgem de novo os conflitos. Primeiro a nível do governo. Com a morte do Governador Miguel de Silveira Lorena, em 1832, a governação foi confiada a título interino, ao Padre Vicente Ferreira Varela, que em conflito com dois outros membros da junta, os mandou prender e tomou conta do governo até a chegada do novo governador José Maria Marques. Em Lauterm (Sama) registou-se ouve um conflito entre 70 buguises (macaçares) e as forças recrutadas pelo governo, forças constituída por 3 mil homens. Registaram revoltas em Ermera, no tempo do governador Olavo Monteiro Torres (1848-1851). Depois de uma rebelião por parte de moradores de Ermera, governo mandou uma força de 6.000 homens que arrasou Ermera e matou o liurai e 60 dos seus súbditos. Houve revoltas em Balibó.

A perda dos territórios de Flores e Solor: Até 1859, Portugal detinha a maior parte do território na ilha de Timor, e nas ilha de Flores, os portugueses podiam contar com a lealdade dos reinos de Sica, Noumba, Larantuca, e Maubese. Dois reinos em Ombai (Alor) e Loblem. Em 1814, as ilhas de Pantar e de Adonara reconheciam igualmente a suserania portuguesas.

Em 1847, o governador Julião da Silva Vieira envolveu numa disputa com o governador e residente de Kupang sobre actos alegadamente cometidos pelo régulo de Oe-Cusse, território que os holandeses consideravam seus. Para resolver o problema da soberania nestas ilhas, o governador-geral holandês em Batavia mandou um representante a Díli ( D.Styem Parvé), em Março de 1848, a fim de negociar sobre este assunto. O governador Julião Silveira respondeu "considerar portugueses todos os territórios que tinham a bandeira portuguesa e holandeses os que arvorassem a holandesa". Mas, embora ordenando ao régulo de Oe-cusse que mantivesse a sua posição, o próprio governador concedeu a posse das ilhas em disputa aos Países Baixos, aguardando a conclusão de um acordo na Europa. Em 1850, o Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos transmitiu uma nota ao seu equivalente português insistindo na necessidade de resolver o problema das fronteiras. No ano seguinte foram nomeados comissários por ambas as partes tendo em vista o início das conversações. A 23 de Junho de 1851 chega a Timor o novo governador, José Joaquim Lopes de Lima. Perante dificuldade de ordem financeira, o novo governador entregou aos Holandeses o distrito de Larantuca, na ilha de Flores, juntamente com o grupo de ilhas de Solor. (Portugal foi obrigado a ceder aos Países Baixos enclaves na parte leste da Ilha de Flores, como Sica, e Paga, bem como a ilha de Adonara e o estado de Wure e a ilha de Solor. Portugal abandonou também as suas pretensões a Loblem, Pantar e Ombai, pondo assim termo a uma soberania de 300 anos naquelas terras. Em contrapartida, Portugal receberia 200.00 florins de indemnização, em três prestações, e receberia o reino de Maubara Enquanto se aguardava a assinatura de acordos entre os dois governos (Haia e Lisboa), a Holanda apressou-se a ocupar Larantuca e Solor. Lopes de Lima foi demitido e mandado regressar. Morreu a caminha da Batavia. Influencia portuguesa em Larantuca: a Confraria de Nossa Senhora do Rosário.
Do período que vai de 1860 a 1912, sucederam-se várias revoltas contra a soberania portuguesa em Timor. Após o tratado de Lisboa, a colónia de Timor foi dividida em dez distritos pelo governador Afonso de Castro. Com esta finalidade, foram estabelecidos, dez e depois onze comandos militares para gerirem os distritos, assessorados por um secretário. Como embrião doa actual sistema político administrativo de Timor-Leste, estes comandos centravam-se, respectivamente, em Díli, Manatuto, Viqueque, Lautém, Vemasse, Alas, Bubusucu, Maubara e Batugadé. Mais tarde foi adicionado Oe-cusse (1863). No tempo de Afonso de castro, os liurais receberam ordens para plantar café e entregar cerca de 20 por cento da colheita às autoridades portuguesas, Os reinos que não cultivavam café eram obrigado a entregar um décimo da sua colheita de arroz. (Gunn, p.176 - 177). Em 1861 após a entrada em vigor do estabelecimento dos distritos, pequenos reinos revoltaram-se, como era o caso de Ulmera e Lalcó. Em Junho de 1863, deu-se uma rebelião em Laga. Mais tarde foi a vez de Fatumassi. Em 1867 deram-se revoltas em Vemasse, Leimean e Sanirin, cujo reino se recusava a pagar os impostos. Em 1868 deu-se a revolta de Cova. Além das guerras, houve um incêndio em Díli, no dia 24 de Agosto de 1866. Esse incêndio consumira os quartéis, a igreja, o paiol de munições, a Fazenda Pública, o palácio do governo, e quinze propriedades privadas, na sua maioria construídas em palapa. O fogo destruiu também o que restava dos arquivos que restavam da época de Lifau. (Gunn, p. 139-140). Nessa altura funcionava em Díli, um hospital militar. Doenças de varíola, epidemias de cólera e de varíola. Segundo o governador António Joaquim Garcia (1868-1869), o hospital existente podia apenas acomodar uns poucos doentes e a sua higiene era precária.

O Plano do Porto de Díli, uma planta de 90 x 40 produzido por T. Andrea e T. Machado em 1870, revela que se fazia a recuperação da praça de Díli. "Nessa altura estava completado o estudo hidrógrafico do porto e o ancoradouro estava terminado, e que estava protegido por um forte chamado Carqueto. A grelha das ruas é bem visível, bem como os contornos do forte de Nossa senhora da Conceição. Estavam sinalizados um farol. Um hospital militar e uma ponte, baptizado com o nome de Dom Luís I.
Em 1788, em deu-se, a revolta dos moradores, com o consequente assassinato do governador Alfredo de Lacerda e Maia (1885-1887). Os moradores, eram timorenses nativos mobilizados para o recrutamento. Não recebiam salário ou uniforme, nem sequer lhes eram fornecidos mantimentos. Eram recrutados nos reinos leais em números proporcionais às respectivas populações. As razões parecem ter sido os excessos cometidos em nome do governador pelo secretário, Francisco Ferreira. No dizer do historiador francês Gabriel Defert o assassínio do governador Lacerda Maia marcou na realidade o início da insurreição dirigida conjuntamente por diversos liurais chefiados por Do, Duarte Sotomayor e seu filho, Dom Boaventura Em 1893, deu-se a revolta de Maubara. Sotomayor, de Manufahi.

Em 1894 é nomeado governador de Timor, José Celestino da Silva. Ficou célebre pelas campanhas de pacificação, pois vários estavam revoltados: Encetou três ofensivas principais: em Outubro de 1894, contra os reinos de Lamaquitos (Bobonaro); em Maço de 1895, contra Fatumane, Fohorem, Lalaba, Cassabau, Obulo e Marobo, e a mais dura conta Manufahi. Nesse mesmo ano, os reis de Manuafai, Raimean e Suai reuniram vários sucos e povoações para um pacto de sangue. O reino de Manufai foi atacado em 1896, por foças leais ao governo. Nos primeiros anos do século XX, deram-se revoltas em Ainaro e Letefoho (1903), em Kelicai (1904), e novamente Manufahi (1907). Depois da implantação da República, deu-se a grande Revolta de Manufahi ( os timorenses chamam "funu Manufahi").

Manufahi (Maun fahae) era um reino com a sede em Same e fazia parte do distrito de Alas, de acordo com a nova organização de 1860. Segundo Rafael da Dores, em 1903, esse reino tinha uma população de 42 mil habitantes e 6.500 fogos.

Em 11 de Outubro de 1911, reuniram em Díli os régulos e outros chefes dos sucos a convite do Governador para celebrarem o primeiro aniversário da proclamação da república. Nesta ocasião alguns deles fizeram secretamente um pacto de sangue a fim de expulsarem os portugueses. Nos finais de 1911, como reacção a uma informação transmita pelo comandante de Suai, anunciando o aumento de imposto de capitação, um grupo de liurais, incluído Dom Boaventura, de Same, procurou reunir-se em Suai para pedir a redução fiscal. Tomou-se a decisão de expulsar uma companhia inglesa que ali fazia a exploração de minas de petróleo obrigado a saída dos prospectores ingleses. Um soldado moçambicano que ia levar a notícia a Bobonaro foi morto durante a viagem. No dia 20 de Dezembro, o liurai de Camansa acompanhado de 1.200 pessoas entram no enclave holandês de Maucatar e pedem a protecção holandesa contra a represália português. No dia 24 do mesmo mês em Same cinco europeus foram mortos na sede do comando militar de Same, por ordem de Boaventura. Foi morto o Tenente Álvares da Silva, e a sua cabeça foi apresentada à sua mulher. Esta e os filhos foram poupados e remetido a Díli. Perante estes factos o governador Filomeno da Câmara organiza expedições contra Manufahi e reinos sublevados. Para esmagar a rebelião o governador ordenou que os rebeldes fossem batidos nas suas próprias terras. A 5 de Janeiro de 1912, partia de Díli uma força de 200 homens comandados pelo próprio Filomeno da Câmara. Alguns reinos apoiaram as forças governamentais como foi o caso de Suro A campanha militar prossegue até Março. Em 6 de Fevereiro chega a Díli a canhoneira Pátria. A 27 e Maio, os "rebeldes" preparam uma resistência heróica nas montanhas de Cablac (2.362 m), uma região de ravinas abruptas e grande rochedos. Aí os timorenses construíram uma tranqueira de madeira e pedra para reforçar a fortaleza natural. Alguns rebeldes procuraram refúgios em caves e grutas subterrâneas. Encurralados numa área de 35 km2, nos redutos de Riac e Leolaku, juraram combater até ao fim e não se render. No reinos rebeldes, mais de 12 mil homens, mulheres e crianças se haviam retirado para as montanhas de Leo-Laco. Nesta altura Filomeno da Câmara dispôs os seus efectivos: 8.000 auxiliares irregulares, 647 soldados de segunda linha e 500 soldados de primeira linha e 34 oficiais. Da parte do povo de Same e reinos Dispondo de maior numero de soldados, as forças governamentais alcançaram vitórias sobre os reinos de Umboe, na Ermera, e de Lelai em Lequidoe. Seguidamente foram submetidos os reinos de Manucate, Laquedoe, Hato-Bessi, Mau-Lau Dailor, Turiscai, Bibisusu e Mabisse. E Aituto. Leo-Laco foi cercado e mais de 3000 timorenses foram mortos quando tentavam romper o cerco. Em 27 de Maio de 1912, Kablak rendia-se. E, 22 de Junho, as forças governamentais conquistam Riac, onde foram feitos oito a dez mil prisioneiros e apreendidas 36 espingardas, 590 espingardas de pederneira e 495 espadas, além de alguns cartuchos. O Liurai Dom Boaventura conseguiu escapar, fugindo para Turron, mas o régulo de Alas caiu varado na planície de Ai-Assa. Os régulos de Bibisussu (Dom Afonso Pereira), de Ulmera (Dom Clementino Barreto Pereira) de Ermera, Dom Miguel, e outros, foram desapossados das honrarias. Em 26 de Outubro de 1912, D. Boaventura decidiu entregar-se voluntariamente. No ano de 1913, o regulo de Manufai perdeu o seu estatuto de "Rei-coronel". Reza a tradição oral que D. Boaventura acabou os seus dias na prisão de Aipelo, cerca de 20 km de Díli, e que foi enterrado na porta do cemitério de Santa Cruz para ser pisado por todos os transeuntes. Em Agosto, The Times de Londres dava a noticia sobre o fim do conflito em Timor. Dizendo que uma grande batalha entre forças colónias e rebeldes, e de resultaram 3000 mortos e feridos e 4.000 prisioneiros. Porém Pelissier conclui que a guerra de Manufahi (1911-1912) custou 15.000 e 25.000 mortes, sem contar aqueles que foram para o exílio (refugiaram-se no Timor indonésio).

O período que decorre entre 1913 e 1940 foram anos de sossego e de colonização. "Período de aparente tranquilidade e de trabalho tranquilo" A Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho (SAPT), criada por Celestino da Silva em 1897 implementa a plantação e a exportação de café. Foram concedidos hectares de terrenos a individuais portugueses. O sândalo, a copra, cere e cacau eram produtos de exportação nesse período. Em 941, a SAPT era o único grande empreendimento agrícola a operara em Timor. Monopolizava as compras do café Arábica de melhor qualidade produzida em Timor. Exercia o monopólio do comércio entre Timor e o Japão e entre Timor e Portugal. Plantações de coqueiros, borracha e cana-de- açúcar e algodão. No campo de minerais, fazia a prospecção do petróleo, de cromite, manganésio, cobre e ouro. As primeiras companhias foram a companhia australiana e inglesa.

A Invasão estrangeira: Australianos, Holandeses e Japoneses.
No dia 17 de Dezembro de 1941 as tropas holandesas e australiana desembarcam em Díli à força. Cerca de meia noite de 19 de Fevereiro de 1942, navios japoneses bombardearam e as suas tropas desembarcaram num local chamado Madoi, a oeste da cidade. Dali marcharam sobre a capital, que ficava a cinco milhas de distância. Os holandeses retiraram para a fronteira e os Australianos para a região de Ermera, onde se entregaram à luta de guerrilha.

Os motivos do Japão para invadir Timor foram dados a conhecer pela primeira vez à população de Díli em panfletos largados sobre a cidade em 21 de Fevereiro de 1942, um após o ataque naval e terrestre contra Timor Português. Esses panfletos declaravam que o Japão estava agora em guerra com os Países Baixos e com a Austrália e que as forças japonesas eram obrigadas a actuar em resposta à presença das forças holandesas "num país neutral".

Em Maio de 1942, os australianos começaram a bombardear a capital de Timor; os japoneses apressaram-se a demolir a catedral, sob o pretexto de que as suas torres serviam de guia aos aviões inimigos. O governador Capitão Manuel Ferreira de Carvalho não tinha liberdade movimento, ficando praticamente prisioneiro no seu palácio. Os japoneses ocuparam o território de Timor desde 1942 até 1945. Em Setembro de 1975, deu-se o armistício. Balanço da ocupação japonesa: todas as igrejas destruídas, salvando-se a de Laleia; morreram neste conflito mais de 60 mil timorenses, entre quais 4 mil católicos e 3 sacerdotes. Díli sofreu 94 bombardeamentos aéreos, ficando apenas 10 casas de pé. Várias povoações haviam desaparecido; hospitais, postos sanitários, escolas e quartéis, foi tudo arrasado, apenas se salvou o hospital de Díli. As vias de comunicação e o porto, destruídos; a pecuária desaparecera praticamente; as ricas plantações de café abandonadas. Noventa por cento dos habitantes estavam sarnosos e mais de cinquenta por cento sofriam de pústulas bubáticas. No dia 27 de Setembro de 1945, chegaram a Timor os avisos Bartolomeu Dias e Gonçalves Zarco com o pessoal para a reocupação e levando material para a reconstrução de alguns edifícios governamentais. Com o governador Óscar Ruas, começou a faina da reconstrução. Mas o período de paz só durar 14 anos. Em Junho de 1959 deu-se a revolta de Viqueque, a qual se estendeu a Watolari e Watocarbau. Esta revolta foi imediatamente afogada. Segue-se outro período de acalmia: 1960 a 1975.

De acordo com a Constituição Política Portuguesa, a Lei Orgânica do Ultramar e o Esatatuto Político Administrativo, aprovado pelo Decreto nº 45 378, de 2 de Novembro de 1963, Timor Português era considerado uma província ultramarina com administração própria. No seu topo estava o governador, abaixo deste os administradores do concelho e os administrador do posto, e abaixo destes, os chefes dos sucos e de povoação. Existiam na Província os seguintes serviços:
A) Da Administração Geral e Fiscalização que englobava: Serviço de Administração vicial, Serviços de Educação, Organização Nacional da Mocidade Portuguesa, Polícia Internacional e de Defesa do Estado, Corpo de Polícia Pública, Serviços de Saúde e Assistência;
B) Serviços de Fazenda e Contabilidade; Serviços da Alfandega;
C) de Justiça;
D) De Fomento- Serviços de Economia, de Obras Públicas, de Agricultura e Florestas, de Veterinária, de Correios, Telégrafos e Telefones, de Aeronática Civil, de Transportes Aéreos, Serviços Meteorológico, e Centro de Informação e Turismo.

A divisão da colónia em nove concelhos (anterior à guerra japonesa) foi alterada e criaram-se dez concelhos, uma circunscrição civil, com 60 postos administrativos e uma Câmara municipal (Díli). 1. Concelho de Díli, com sede em Díli e Postos Administrativos de Aileu, Ataúro e Remexio.
2. Concelho de Ainaro, com sede em Ainaro, e Postos administrativos de Maubisse, Hato-Builico, Turiscai.
3. Concelho de Baucau, com sede em Vila Salazar, e Postos Administrativos de Quelicai, Venilale, Baguia, Laga e Vemasse.
4. Concelho de Bobonaro, com a sede na Maliana, e Postos Administrativos de Balibó, Bobonaro, Atabai, Cailaco e Lolotoi.
5. Concelho de Cova-Lima, com sede em Suai, e Postos Administrativos de Fatu-mean, Fohorém, Fatu-lulik, Mape e Tilomar.
6. Concelho de Ermera, com a sede em Ermera, e Postos Administrativos de Lautem, com a sede em Lospalos e Postos Administrativos de Luro, Iliomar, Lautém e Tututala.
7, Concelho de liquiçá, com a sede em Liquiçá, com Postos Administrativos de Maubara e Bazartete.
8. Concelho de Manatuto, com a sede em Manatuto, com os Postos Administrativos de Laclubar, Barique, Lacló, e Laleia.
9. Concelho de Same, com a sede em Same, e Postos Administrativos de Alas, Fatu-berliu e Hato-Udo.
10. Concelho de Viqueque, com a sede em Viqueque e Postos Administrativos de Ossu, Watolari, Watocarbau, Lacluta.
11. Circunscrição de Oe-Cusse, com a sede em Pante Macássar, com os Postos Administrativos de Oe-Silo, Nitibe e Pasabe. Em 1970, duas freguesias foram criadas, designadas por freguesia de Santo António de Motael e freguesia de Santo António de Baucau.
A nível militar, depois dos acontecimentos de Viqueque (1959), foram criadas as companhias de Caçadores e a polícia militar. Criou-se ainda uma delegação polícia política portuguesa – a PIDE. A nível de infra-estruturas, iniciou-se a electrificação de uma parte da cidade de Díli e realizou-se o alcatroamento das ruas principais da capital. Os quadros médios administrativos até aí estritamente reservados, em grande parte, aos metropolitanos, goeses ou cabo-verdianos, começavam a ser "compartilhados" por timorenses saídos do Seminário de Dare ou do Liceu de Díli.



Alguns Serviços, no período 1960-1975:
Ensino Primário
: Coube à ordem dominicana (século XVIII) e às Missões Católicas (Diocese de Macau e o Vicariato de Timor) (1877-1940)a honra da fundação das primeiras escolas em Timor. Já em 1740, era aberto o primeiro Seminário em Oe-Kusse; em 1747, abria-se o segundo Seminário em Manatuto. Com a inclusão das Missões de Timor na Diocese de Macau, a partir de 1877, os missionários foram abrindo escolas nas sedes das Missões: Díli, Manatuto, Baucau, Oe-Cusse, Maubara, Lacluta, Soibada. No tempo do Bispo Dom António Joaquim Medeiros, o padre João Gomes, mais tarde Superior e Vigário das Missões de Timor, abria em Díli uma escola Profissional. O mesmo Bispo abria em Dare uma granja agrícola. Em 1924, Dom José da Costa Nunes, Bispo de Macau e Timor, abria em Lahane a Escola de Preparação de Professores- catequistas, e reabriu a escola de Artes e Ofícios, entregue aos Salesianos em 1927. Em 1936, o então superior da Missão de Soibada, padre Jaime Garcia Goulart, mais tarde 1º Bispo de Díli, abria na Missão de Soibada, o Pré-Seminário de nossa Senhora de Fátima, mais tarde erecto em Seminário Menor (1954). Em 1964, os Salesianos abriam em Fatumaca a Escola Agrícola de e depois a Escola Técnica. As Irmãs canossianas que entraram em Timor 1879, tomaram conta das escolas femininas em Díli, Bidau,(Dare), Manatuto, Soibada.Os Padre jesuítas, a Escola de Soibada (1899-1910).
Da Parte do Governo: A escola régia fundada em 1860, por Afonso de Castro. Em 1864, essa escola era frequentada por 6º alunos, com um professor destacado por nomeação real (cf. Gunn, p. 138). Outra escola em Manatuto, era frequentada por 20 alunos, ensinados por um missionário goês. O comandante do forte de Batugadé dava também educação a 15 alunos, naquela localidade. Fora ainda estabelecido em Díli um colégio de Educação para os filhos dos régulos.

Em 1916, o Governador Filomeno da Câmara, com a publicação, da Portaria Legislativa nº 154 deu uma planificação bem definida e maior planificação regulamentação ao ensino então ministrado em Timor. Outros governadores publicaram proposta ou diploma legislativo: Teófilo Duarte, em 1927, com a Proposta Legislativa nº 110; Álvaro de Fontoura, com o diploma Legislativo nº 154, em 1938.

Depois da ocupação japonesa, houve a necessidade de regulamentar de novo o ensino, o qual foi objecto do Diploma Legislativo nº 254. Todavia o primeiro grande passo no sentido de possibilitar a matrícula escolar a um muito maior número de crianças timorenses, dispersas pelo interior da Província, foi dado no princípio da década de 1960, por diploma de 1961do governador Themudo Barata, ao criar os postos escolares a cargo das Comissões municipais. Assim no ano lectivo de 1960/61, no território havia 6.076 alunos matriculados e 239 agentes de ensino, já no ano de 1968/69, havia 27 299 alunos matriculados e 513 agentes de ensino.
Ensino Liceal (a cargo do governo). Com o carácter de ensino particular liceal oficializado foi, em 1938, instituído o Colégio Liceu Dr. Vieira Machado. Mas só em 1952, é que se pode considerar autenticamente oficial com a criação do 1º ciclo. Foi a partir de então que nele se puderam realizar, com validade oficial, os exames de admissão, os de 1º e 2º ciclo, e ao mesmo tempo foi autorizado o ensino das disciplinas do 2º ciclo liceal. Data de 1960º então Liceu Dr. Francisco Machado. No ano lectivo de 1960/61, havia 175alunos matriculados e 15 agentes de ensino; em 1968/69, havia 376 alunos matriculados.

Ensino Técnico: Foi só a partir de 1967, é que se abriu o ensino técnico profissional, na "Escola Técnica Elementar Prof. Silva Cunha", mais tarde transformada na "Escola Industria e Comercial". N ano seguinte, a Escola teve uma frequência de 333 alunos, 1969.
O ensino elementar agrícola, instituído de acordo com o Decreto nº 46.464, de 31 de Julho de 1965 e regulamentado, em Timor, pelo Diploma Legislativo nº 740, de 26 de Novembro de 1966, foi entregue por contrato de Novembro de 1967, à Congregação salesiana. A escola era em Fatumaca (Banewaga).

Enfermagem: Junto do Hospital Central de Díli, vinham funcionando, desde 1947, escolas de habilitação de enfermeiros, parteiras pessoal auxiliar de enfermagem. Em 1964, em consequência da publicação do Decreto nº 45 818, foi criada a Escola Técnica de Serviços de Saúde e Assistência, com o urso geral de enfermagem e de auxiliar de enfermagem, e naquele ano tinha uma frequência de 58 alunos.

SAÚDE E ASSITÊNCIA- O primeiro Hospital de que há noticia, foi aberto em Lifau, no tempo do Governador António Coelho Guerreiro (1702-1702). Com a mudança da capital de Lifau para Díli, em 1769, foi naturalmente, construído em Díli, um hospital.
Em 1861, Alred Russel Wallace que estava visitar Timor observou: "Díli, rodeada de pântanos e lamaçais, é muito insalubre e só uma noite passada dá frequentemente aos recém-chegados uma febre que não pouca vezes se mostra fatal"(in The Malay Archipelago, Londres, 1872, Chap XII). No tempo do governador José Manuel Pereira de Almeida (1863-1864) foi concluído o hospital Castro-Lahane (Gunn. P.139). Um médico formado em Goa foi nomeado para prestar assistência ao Batalhão, mas não sabemos se havia médico para o hospital. Uma fonte oficial de 1868 dizia que as febres e a disenteria se haviam espalhado para o interior da Ilha e que as chuvas sazonais haviam piorado a situação na província. Em 1883 foi nomeado para Díli um oficial médico com a missão de dirigir a secção timorense dos serviços de Saúde de Macau e Timor. Era o dr. Gomes da Silva que encontrou no hospital várias lacunas nas estruturas de saúde publica. Em 1906, foi inaugurado em Lahane um edifício para hospital militar, ao qual foi dado o nome de "Hospital D. Carlos I", mais tarde mudado para "Hospital Dr. Carvalho", em homenagem a um médico falecido em Timor, vítima da sua dedicação. Em 1915 havia três médicos em Díli, os quais visitavam o interior alternadamente. Em 1918, com a criação de Serviços de saúde, foi a rede sanitária alargada a Baucau, Manufahi e Bobonaro, ao mesmo tempo que pelo interior se espalhavam ambulância com enfermeiros recrutados nos diversos comandos militares e habilitados com cursos de enfermagem. Antes da invasão das tropas estrangeiras (1941), havia em Timor 3 hospitais dos Serviços de Saúde, 1 hospital particular, 1 maternidade, 19 postos sanitários e 1 posto de socorros, dispondo, ao todo, de 5 médicos e 42 enfermeiros. Depois da guerra japonesa e sobretudo, a partir de 1948, foram construídos ou reparados os hospitais de Baucau e Ainaro, as maternidades de Díli e de Baucau e os postos sanitários d Lospalos, Laclubar, Aileu, Same, Lautém, Oe-Silo, Ossu e Venilale. Em 1970, a rede sanitária de Timor Português era constituída pelo Hospital Central de Díli e Regional de Díli, o Hospital Sub-regional de Baucau e 8 hospitais rurais e 48 postos sanitários rurais, nas sedes dos postos administrativos. Os postos sanitários rurais tinham, no mínimo, uma capacidade para 20 a 30 camas, para doentes de ambos os sexos.

Actividade económica: Agricultura e florestas; Pecuária e Pesca; Indústria e Energia, Comunicações.

Timor no Período 1975-1999.
Com a Revolução dos cravos de 24 de Abril de 1974, surgem e Timor Português as primeiras organizações políticas. O primeiro grupo a organizar-se foi a União Democrática Timorense, ou UDT. Fundada a 11 de Maio de 1974, a UDT, era favorável a uma eventual independência de corrente de um extenso período de transição em continuada associação com Portugal. A Fretilin, ou Frente Revolucionária de Timor Leste Independente, emergia da Associação Democrática Timorense (ASDT) fundada a 20 de Maio de 1974.O primeiro manifesta da ASDT rejeitava o colonialismo a reclamava a imediata participação dos timorenses na administração e governos locais, um fim à discriminação racial, a luta contra a corrupção e um bom relacionamento com os países vizinhos. A 27 de Maio de 1974, surgia um terceiro partido minoritário, a Associação Popular Democrática Timorense (Apodeti). Este partido declarou desde o início que não seria economicamente viável a menos que posse apoiado pelos seus irmão étnicos na Indonésia. Outros partidos: KOTA- Klibur Oan Timor Aswain, inicialmente formado por sete Liurais. O Partido Trabalhista e Adilta (Associação Democrática para Integração na Austrália).
Convém nota a posição oficial portuguesa que foi transmita pelo governador Fernando Alves Aldeia, sob três formas de opções: primeira, manutenção da associação com Portugal; segunda, independência; terceira, integração na Indonésia. Entretanto, a indonésia, por intermédio do jornal do Exército Berita Yudah, e de outros canais, começou a lançar campanha de difamação e desinformação apelidando a Fretilin de marxista/comunista e a UDT de fascista. A 14 de Novembro de 1974 o Coronel Mário Lemos Pires, foi nomeado governador de Timor, o qual pautava a sua atitude como árbitro entre os partidos em conflito. A partir de Dezembro de 1974, com a chegada os oficiais do MFA em Timor estabeleceram um conselho governativo com o propósito de chamar todos os partidos ao processo político. Houve logo recusas da parte de Apodeti e da Fretili. Em Março de 1975, a UDT e a Fretilin decidem formar uma Coligação. A 27 de Maio, a UDT toma a decisão de se retirar da coligação. A 17 de Julho de 1975, Lisboa estabeleceu o calendário da descolonização de Timor de acordo com a Lei n. 7 175. Formalmente anunciada como "cimeira", efectuou-se em Macau uma reunião entre os funcionários portugueses e indonésio, e membros dos partidos timorenses a excepção da Fretilin.
A 11 de Agosto de 1975, a UDT desencadeia o golpe de estado provocando o contra-golpe da Fretilin, iniciando-se assim guerra civil. Rapidamente a Fretilin conquista posições deixadas pelas forças conjuntas da UDT e estabelece uma administração, ainda sob a bandeira portuguesa. A 28 de Novembro de 1975, o Presidente da Fretilin, Francisco Xavier do Amaral, proclamou, unilateralmente a independência de Timor e a criação da república Democrática de Timor Leste. Conforme Xavier do Amaral comunicou por telegrama a Lisboa, no dia seguinte, esta medida era necessária devido à "agressão" da Indonésia, que violava as leis da ONU sobre o direito à autodeterminação e independência, e ao "desinteresse" do governo português em procurar uma solução concreta para a descolonização.". Um dia após a Fretilin ter proclamado unilateralmente a independência, os quatro partidos (UDT, Apodeti, Kota e o Partido Trabalhista) proclamaram a integração de Timor na Indonésia. Esta declaração conhecida pela "Declaração Balibó" (Proclamasi Balibó) serviu de pretexto à Indonésia para invadir Timor Leste, facto que veio a verificar-se no dia 7 de Dezembro de 1975. Conquistado o território de Timor-Leste, o governo de Jakarta estabelece um governo Provisório e uma Assembleia Legislativa (DPRD). Com a Lei nº 711.976, de 17 de Julho de 1976, o Presidente Soeharto declara a formalização da integração de Timor Português na República unitária da Indonésia e a criação da 27 ª Província de "Timor Timur". Em Junho a Novembro de 1978, as Forças Armadas Indonésias lançaram uma operação contra os guerrilheiros com o fim de aniquilar o inimigo, usando bombas e napalm . Em Dezembro desse mesmo ano, O Presidente da Fretilin, que substituíra Xavier do Amaral (capturado), foi morto em Turiscai. Em Março de 1981, os guerrilheiros escolheram Xanana Gusmão para chefe das Falintil e criaram o CNRM (Conselho Nacional de Resistência Maubere). Em Junho, deu-se a Operasi Keamanan, cujo objectivo era destruir a resistência e capturar os líderes dos guerrilheiros. Em 1983, Xanana e oficiais indonésios começaram a negociar tréguas locais (acordo entre Xanana e Coronel Purwanto. O cessar fogo, durou pouco, pois o General Moerdani , comandante-chefe das Forças Armadas Indonésias, organiza uma nova operação, Operasi Persatuan, destinada a atingir a resistência "sem piedade" e no decurso da qual quinze dos vinte batalhões estacionados em Timor, foram enviados para a zona leste da Ilha, com o objectivo de capturar Xanana Gusmão e outros comandantes. Em 12 de Outubro o papa João Paulo II visita Timor. Em 1991, deu-se o massacre de Santa Cruz, que fez amais de 241 vítimas. Em Novembro de 1992, o Comandante Xanana Gusmão é capturado. Em Fevereiro de 1993, o tribunal indonésio emitiu a sentença de prisão perpétua, mais tarde comutada para vinte anos de prisão em Jakarta. Em 1996, foi a concessão do Prémio Nobel da Paz. Em Abril de 2008, realizou em Peniche realizou uma convenção destinada a reforçar a unidade e a delinear uma visão para o futuro em torno de uma Magna Carta de Timor Leste. Nessa convenção os timorenses da Diáspora bem como os do interior, elegeram Xanana Gusmão e Ramos-Horta como presidente e vice-presidente do Conselho Nacional da resistência Timorense (CNRT). Entretanto, em Maio desse ocorreram em Jacarta dramáticos acontecimentos que levaram à demissão do presidente Soeharto e conduzira à eleição do seu sucessor Yusuf B. J. Habibbie. Em Junho o presidente indonésio fez uma proposta de ampla autonomia para Timor Timur. Porém em Janeiro de 1999, o presidente surpreendeu a todos ao fazer saber que se os Timorenses rejeitasse a "autonomia" dentro da Indonésia, então Timor Leste poderia voltar ao estatuto anterior a 1975, e ou Portugal ou a ONU deveriam reiniciar o processo da descolonização. Em Maio de 1999, sob os auspícios das Nações Unidas Portugal e Indonésia concordam a realização de uma Consulta Popular em Timor. O plebiscito realizou-se a 30 de Agosto de 1999. A maioria do povo timorense escolheu a opção de não autonomia dentro da Indonésia Os que rejeitaram a autonomia: 78,5 %, e os que votaram a favor da autonomia, 21,5%. Mais uma vez deflagrou a violência causando divisão entre a sociedade timorenses. Muitos foram procurar refúgio para o território indonésio, outros saíram para Austrália, Macau e Portugal. Foi então que as nações Unidas decidem enviar para o Território De 1999 a 2002, Timor era administrado pelas Nações unidas (UNTAET). Diziam os responsáveis (Sérgio Vieira de Melo) que as nações Unidas estavam em Timor para prepara o povo para as eleições e para independência e não para fazer o desenvolvimento.
No ano 2000, reuniu pela primeira vez a Assembleia Constituinte para preparar nova Constituição da República Democrática de Timor Leste. Em 2001, realizou a eleição do primeiro Presidente da República, na pessoa do Comandante e guerrilheiro Kairala Xanana Gusmão. No 20 de Maio de 2002, foi oficializada a Independência segundo o Direito Internacional. Nesse dia tome posse o primeiro Governo Constitucional. Infelizmente, em Dezembro de 2002, surgem de novo os conflitos, registando com incêndios de casas em Díli. A crise mais grave surgiu em 2006, em consequência das manifestações dos assim chamados "Peticionários". Depois de uma manifestação de quase vinte três semanas organizadas pela Igreja e pelos partidos da oposição, demite-se o primeiro Governo Constitucional liderado por Mari Alkatiri. Entretanto o Governo da Indonésia e da República de Timor-Leste, através da Comissão da Amizade e Verdade promovem esforços de reconciliação e de paz. A 11 de Fevereiro de 2008, deu-se o atentado contra o Presidente da República e contra o Primeiro-Ministro e concomitantemente, regista-se a morte do Major Alfredo Reinado, e mais tarde a rendição de vários peticionários.
Hoje, o ambiente geral é de calma, mas o trabalho da paz e da reconciliação continua a ser fundamental para um verdadeiro desenvolvimento do Povo Timorense.

Bibliografia:
1) Alerto Faria de Morais, Solor e Timor, Agência Geral das Colónias,Lisboa, 1944.
2) Geoffrey Gunn, Timor Loro Sae, 500 Anos, Livro do Oriente, Macau, 1999.
3) "Timor. Pequena Monografia, Agência Geral do Ultramar, 1970.

Sunday 8 March 2009

Hanoin Hika’as Fali Nino Konis Santana

Konis Santana mate ho tinan 41 iha loron 11 fulan Marsu tinan 1998. Moris iha Veru, Tutuala, Lautem, loron 12 fulan Janeiru tinan 1957. Se karik sei moris, ohin loron Konis halo tinan 52. Hau dedika artigu ida ne'e ba ema Timor hotu nebe kontinua tane memoria Nino Konis Santana nian. Tinan ida ne'e, loron 11 fulan Marsu halo tinan 11 hosi Heroi Konis Santana nia mate.
Hanesan professor José Mattoso hateten katak na crença popular, os heróis, em boa verdade, não devem morrer. Ne'e duni, Konis Santana nia memoria kontinua existe iha ema Timor nia moris tomak.
Poezia "Ami Ema Mate" hanesan poezia ida nebe hau dedika ba Nino Konis Santana.

Ami Ema Mate

Ami ema mate.
Ami iha lian!
Ami iha neon!
Ami iha naran!

Ami lian imi husik!
Ami laran taridu.
Ami neon imi haluha!
Ami laran sai susar!
Ami naran imi la temi!
Ami lian, ami neon sai folin laek!

Ami lian, ami neon, ami naran imi tane!
Ami laran haksolok!
Ami mate folin iha!

Celso Oliveira



Na crença popular, os heróis, em boa verdade, não devem morrer. A sua memória permanece como uma espécie de percepção de que a entrega pela causa comum do povo o faz viver para sempre. O que dá a sua vida pelo povo não se torna só o sinal de um conjunto de factos passados, preservados por meio de uma narrativa de que é protagonista, mas também o sinal de uma verdadeira presença, na medida em que se torna inspirador e semente de outras vidas capazes de se entregarem também elas em sacrifício. E, assim, os heróis são aqueles cuja vida se prolonga na vida daqueles que resolvem segui-los, como água que brota da mesma fonte, e continua a correr enquanto a memória estiver viva……………Por isso os heróis não podem morrer. Talvez seja esse o sentido profundo da frase que Konis escreveu em grandes letras num dos baús em que guardava os seus documentos: "Hau hanoin katak funu ka terus sei nafatin" («Creio que a luta e o sofrimento nunca acabam»)

José Mattoso, A DIGNIDADE Konis Santana e a Resistência Timorense

1ª Parte:. Biografia uitoan konaba Konis Santana
Antonino Santana, konhesido ho naran Nino Konis Santana, moris iha Veru, Tutuala, Lautem, loron 12 fulan Janeiru tinan 1957. Se karik moris, ohin loron komandante Konis halo tinan 52. Oan hosi Jee Makaru no Poko Tana. Konis nia aman ema agrikultor. Konis iha bin ida no maun ida. Hermínia Santana no Victor Vieira de Araújo (Victor mate iha emboscada/combate nia laran, iha loron 10 fulan Junho tinan 1980, besik foho Paitxau). Konis nia inan Poko Tara uza naran zentiu hodi bolu Konis ho naran Je Konisu. Maibe, Konis nia maluk guerilheirus sira hanesan Matos ho Somotxo sempre bolu ho respeitu no admirasaun Kaka Je Konisu. Kaka signifika maun. Konis nia aman, Jee Makaru mate tamba moras fuan iha tinan 1982. Konis nia inan sei moris, hela iha Veru, Tutuala, Lautem. Ferik los ona. Hanesan ferik Timor seluk-seluk tamba funu nia halo-halo ohin loron Poko Tara sei rai memoria barak konaba Timor, liu-liu konaba nia oan mane Konis.
Kuandu Konis halo tinan 7 (3/3/1964), Jee Makaru no Poko Tana haruka Konis simu sakramentu mina sarani iha kapela Tutuala ho naran Antonino Santana. Maibe Konis gosta uza liu naran Nino do ke Antonino
Konis komesa aprende letras ho tinan 6, iha eskola posto Veru. Hafoin, tamba matenek, Konis ba eskola liu iha Colégio Salesianos iha Fuiloru, dirijidu hosi padre Magalhães. Desde kiik maka Konis hatudu karakter ida esperto no matenek. Konis gosta lê, hakerek poezia no textos seluk tan, mos, Konis gosta tebe bola, basket no volli.
Hosi Fuiloru, hotu tiha 4ª classe, Konis ba Dili estuda iha eskola partikular dirijidu hosi Francisco Xavier do Amaral (ohin loron presidente ASDT). Hosi ne’e, Konis hahu aprende disiplina barak (Português, Inglês, Filosofia, Latim). Hafoin, Konis tama ba Escola Engenheiro Canto Resende, Dili, durante tinan lektivu 2 (1973/1974, 1974/1975).
Konis halo kompleto curso de professor primário iha tinan 1974/1975.
Iha Dili, Konis hela ho nia primos no amigos: Lino, Armando da Silva no Abel da Cruz sira nia uma.
Se karik maka la mosu 25 de Abril "Revolução dos Cravos" iha Portugal, Konis nia destino maka Portugal. Tamba iha momentu neba se maka hetan nota diak, sei hatutan liu eskola iha Portugal hodi nune bele sai professores primários laos deit professores de posto escolar. Konis hetan nota diak iha curso de professor primário.
Tuir testemunho barak maka dehan katak Konis hanesan klosan ida simpatiku, simples, komunikativu no diak.

a Opsaun Politika
Kuandu hahu’u mosu forsas politikas iha Timor Leste iha Maio tinan 1974, Konis la hatudu ninia interesse atu adere ba partidu politiku.
Iha Konis nia karta ida, Konis hakerek nune:
«Despolitizado como estava, andava indiferente com a situação politica vivida em Timor Leste. Liberdade e independência significavam para mim perda de oportunidade e de emprego. Até queria que o status quo anterior permanecesse, pois o que mais me interessava era concluir os estudos, encontrar emprego e ganhar algum dinheiro para resolver a situação de extrema pobreza familiar […]. Não ingressei em nenhum partido politico e mesmo quando o primeiro movimento estudante, a UNITIM – União Nacional dos Estudantes de Timor Leste – foi criada, não participei da (reunião) plenária, assim como a quase totalidade dos meus colegas de escola. Mais tarde, depois de uma reunião extraordinária convocada pelos organizadores da UNETIM, fui nomeado membro do corpo directivo da UNETIM na minha escola, só porque ousei falar um bocado na reunião….»
Hosi ne’e, ita bele hatene katak, fou-foun Konis lakohi mete iha politika. Konis Santana preokupa liu ho moris estudantil, hakarak halo hotu lalais ninia estudo hodi bele servisu i bele fo tulun ba nia família nebe moris sei kiak.
Maibe, Konis halo kontaktu ho estudante seluk-seluk. I, Konis komesa hatudu ninia simpatiza ba Fretilin. «Comecei a estabelecer novas relações com colegas de outros estabelecimentos de ensino e, dos vários contactos tidos, comecei a simpatizar com o ideal de independência. Comecei a simpatizar com a Fretilin».
Ne’e duni, Nino Konis Santana komesa tama ba Fretilin iha fim ano lectivo 1974-1975. Iha momentu neba, Konis ho tinan 18. Iha UNETIM nia laran, Konis konhese Hodu, i Konis hakerek nune: «Foi meu colega da UNETIM, e desde essa altura nos tornamos amigos. Durante as "Bases de Apoios" fomos todos quadros médios, companheiros de luta e amigos…»

b. Guerra Civil ou Funu Maun-Alin
Funu maun-alin iha 1975 provoka Timor oan mate barak, hodi loke odamatan ba invasaun Indonésia iha Dezembro 1975.
Konis Santana hakerek: «Face à agressão das tropas indonésia à Pátria, como timorense igual a outro timorense qualquer, não tive outra solução senão subir as montanhas da Pátria e resistir à agressão»
Konis Santana halai ba foho hodi adere ba seksaun politika Fretilin, tama ba OPJT (Organização Popular da Juventude Timorense) ramu ida ho OPMT (Organização Popular da Mulher Timor).

c. Konis Santana iha Mehara
Iha Mehara, Konis Santana hanesan responsável da juventude no populasaun iha Tutuala hamutuk ho Fernando Canto, ema Tutuala. Secretário zona maka Bartolomeu Dias no Vice-Secretário maka Francisco Loiola, ema Veru.
Iha Mehara, Konis Santana namora ho Luísa Gonzaga, i, sira hetan oan mane ida maibe mate molok halo tinan ida (iha 1977) iha pua Ma’a, besik Loré. Sira la kaben (tuir katoliku) maibe tuir tradisaun ema Timor nian.
Entre Maio/Junho 1978, kuandu militares indonésios halo ataka makaás naran "operação cerco e aniquilamento", Konis ho populasaun barak halai ba matebian. Sira seluk indonésia kaer, inklui Konis nia kaben Luísa no família sira.

d. Konis Santana iha Matebian
Iha Matebian, Konis Santana nomeia ba delegado do Comissariado Político.
Comissário Politico maka Será Kei.
Iha Outubru/Novembru 1978, base de apoio iha matebiam naksobu, obriga Xanana ho comandante Falintil nebe resisti tenki fahe malun. Companhia hosi Jersen Black, Será kei, Kalisá, Ologari no seluk tan halai ba Oeste. Companhia intervensaun hosi Xanana, akompanya hosi Kilik, Fernando Txai (Fernando Teles do Nascimento), Mau Hodu, Matan Ruak, Somotxo, Konis Santana no seluk tan halai ba Leste.
Konis Santana hamutuk ho Xanana, Holi Natxa no seluk tan husik matebiam hodi ba Lospalos iha kalan 22 Novembru 1978. Iha neba, sira halo kontaktu ho populasaun hodi organiza nafatin funu.

e. Nicolau Lobato nia mate
Nicolau Lobato nia mate besik Rotutu, iha Same, iha 31 Dezembro 1978, lori konsekuensia bo’ot ba resistensia Timor. Populasaun rende, guerilheiros mos barak maka rende. Comandante sira fahe malun.
Xanana Gusmão uza nia talento guerilheiro hodi halo kontaktu ho populasaun. Xanana Gusmão hateten ba populasaun sira "taka kapote ho inimigu sira (Cobre-te com o manto do inimigo)", konsege organiza filafali funu.
Konis Santana rasik rekonhese hahalok Xanana nian, hodi hakerek nune: "Apoiado e escondido pela população, ele ia de casa em casa, de aldeia em aldeia, contactar com a população, esclarecer, agitar, ouvir e sobretudo aprender das massas, da sua inesgotável fonte de experiências e ensinamentos, beber da sua determinação energias para se empenhar na tarefa dificílima de reorganizar a luta no sector".

f. Reorganizasaun Resistensia
Reorganiza filfali funu laos fasil. Iha Ponta Leste reorganizasaun konsege lalais. Maibe, iha territoriu seluk, hafoin tiha Nicolau Lobato mate, susar tebe-tebes atu hetan komando uniku. Komandante barak maka moris iha isolamentu no desmoralizadus. Komunikasaun laos fasil. Xanana simu tarefa bo’ot ida. Prinsipal tarefa maka atu loke filafali kontaktus ho guerilheiros sira seluk iha teritoriu tomak, hodi nune bele hetan komando uniku.
Iha Lalenuk, Xanana organiza enkontru bo’ot ida. Konis konsidera enkontru neé hanesan "primeiro encontro histórico". Hare ba kapasidade nebe Konis Santana iha hanesan komisariu politiku, Xanana nunka tau dok Konis hosi nia sorin.
Hosi tinan 1979 to’o 1980, Xanana buka reorganiza resistensia armada, ao mesmo tempo lansa cooperasaun iha resistensia klandestina ho resistensia armadas.
Iha loron 3 fulan Marsu tinan 1981 hahu I Konferensia Nasional. Konis Santana hakerek nune: "mesmo para a Conferencia Nacional, eu e Hodu fomos companheiros de caravana, vindos da Ponta Leste. Reconheço que Hodu possuía já na altura muita bagagem teórica e ajudou imensamente Xanana Gusmão na realização da Conferencia Nacional. Hodu era dotado de boas qualidades teóricos e intelectuais e possuía alguma experiência de organização".
Iha I Conferencia Nacional, Xanana Gusmão asumi kargu hanesan comissário politico nacional i comandante-em-chefe das FALINTIL.

g. Konis iha regiaun "Nakroman"
Nakroman ho lian portuguez Luz. Hafoin tiha I Conferencia Nacional, hosi pontu de vista militar, Timor Leste fahe territoriu ba regiaun militar 3. Regiaun "Funu Sei Nafatin" iha Leste, regiaun "Nakroman" iha Centro, i, regiaun "Haksolok" iha Oeste.
Konis Santana toma konta regiaun Centro-Sul, koresponde regiaun militar Nakroman, chefia hosi comandante Kalisá. Hosi regiaun Centro, Konis tun ba Bibileu, parti Sul hosi regiaun Nakroman. Maibe, Komandante Kalisá mate iha kombate nia laran iha Fevereiru 1982. Komandante Mau Nana assumi lideransa iha regiaun Nakroman.
Iha Abril 1982, Xanana haruka Konis ba Ponta Leste hodi reorganiza populasaun iha Tutuala ho kolaborasaun adjuntu Mau-Velis, responsável prinsipal iha sub-regiaun Funu Sei Nafatin. Konis iha nia rai Tutuala to’o fulan Marsu 1983.

h. Konis iha regiaun Haksolok
Haksolok ho lian portuguez Alegria. Konis Santana hetan nomeasaun hanesan comissário politico i responsavel iha regiaun Haksolok. Funsaun ne’e Konis Santana assumi hosi tinan 1984 to’o 1991.
Iha prinsipiu fulan Maio 1985, iha konsentrasaun ida iha regiaun Central, nebe hasoru hamutuk: Konis, Ruak, Alex, Lere no komandanti seluk tan ho objektivu atu reorganiza Frente Clandestina.
Tamba kapasidadi inteletual, politiku i humana nebe Konis Santana iha, Konis sai hosi regiaun "Nakroman" ba assumi responsável iha regiaun Haksolok.
Konis Santana hakerek ba Kasi nune: "Regressei dali (da Ponta Leste) e fui atirado para esta querida fronteira, região a que sempre aspirei chegar, e correspondeu ao meu sonho a colocação que a Luta me deu. Fiquei grato, muitíssimo grato por isso, e estou feliz por estar a lutar aqui, numa terra por onde nunca tinha passado antes, e cuja população também nunca conheci, mas que me acolhe e me dá todo o apoio moral, político, material, e até mesmo em questões de vida, para eu lutar. Vivo gozando deste imenso apoio popular que nunca tinha saboreado noutro lado….Tenho tudo quanto preciso para lutar. Apoiam-me muito mais e melhor que os nossos próprios familiares. Sinto-me muito bem aqui, Kasi, e se não morrer até ao fim da guerra, não sei se pensarei em retornar a nossa terra"
Xanana Gusmão hatene katak Konis Santana iha liu "pensamentu politiku" do ke "iha kampu militar". Tamba ne’e iha tinan 1986 to’o 1991, Konis sempre akompanya Xanana iha regiaun "Haksolok". Konis kontinua hametin kontaktu entre populasaun ho guerilheiro, entre regiaun ho regiaun.
Iha 1987, Xanana komesa koloka neutralidade Falintil. Xanana hakerek iha mensagem 7 de Dezembro 1987 nune: O que move de Timor Leste à luta, dizia «não é fazer uma Revolução […]. O objectivo do Povo Maubere é libertar a Pátria da ocupação estrangeira para poder viver livre e independente.
Konaba neutralidade Falintil, formasaun CNRM, Konis sempre iha opiniaun nebe a favor interesse nasional povo Timor nian.

i. Kapturasaun Xanana
Indonésia kaer Xanana Gusmão iha madrugada loron 20 fulan Novembro 1992 iha Lahane-Dili, tinan ida tiha hafoin massacre Santa Cruz 1991.
Ma’Hunu Bulerek Karathayano-Bukar- assumi lideransa funu nian. Maibe, iha 5 de Abril tinan 1993, Indonésia kaer Ma’Hunu iha Ainaru.

j. Konis Santana, Chefe do Conselho Superior da Luta (1993-1998)
Iha loron 25 fulan Abril tinan 1993, Konis Santana kaer lideransa funu nian. Lideransa nebe Konis assumi ho juramentu iha heróis sira nebe mate iha Timor Leste ninia leten.
Tinan 5 tiha, Konis Santana mate iha nia subar fatin, iha Ermera.
Tuir livro A DIGNIDADE Konis Santana e a Resistência Timorense, autor José Matosso, hakerek nune:
"No fim de Fevereiro de 1998, Somotxo estava, como acontecia mutas vezes desde 1994, a ajudar Konis na escrita dos seus textos e no uso do telefone por satélite oferecido pelos japoneses. Passou a outro abrigo por ordem dele, para preparar uma reportagem acerca da criação do CNRT, destinada à Frente Diplomática. Falava frequentemente com Konis pelo intercomunicador. Mas, no dia 9 de Março, Konis avisou-o de que iria ter o HP desligado porque haveria muitos visitantes na casa. O padre Sancho, pároco de Ermera, iria celebrar uma missa na capela de Mirtutu, e haveria um almoço em casa do Sr. Caetano. Konis mandou fechar o abrigo e pôr um vaso de flores sobre a tampa, mas pediu para deixar aberta a porta da sala do oratório, por cima do abrigo. No dia 11 de Março à noite, Somotxo recebeu a notícia da morte de Konis, comunicado pelo Sr. Caetano, por meio do HP. […] Konis tinha sido encontrado morto pelos filhos do Sr. Caetano, que abriram a tampa do abrigo e chamaram pelo "tio". Como ele não respondesse, trouxeram luz e viram-no sentado, imóvel, encostado à parede. Por isso, chamaram os adultos".
Nino Konis Santana mate ho tinan 41.

2ª Parte: Hau nia Kontaktu ho Konis Santana
a. Um pedido de urgência
Iha tinan 1994, liu hosi companheiro Bossa, hau simu korespondensia ida hosi Konis Santana. Iha karta nia laran, Konis husu atu loke kontaktu seguru i rapidu ba Xanana iha Cipinang, Jacarta. Iha momentu neba ami bolu Xanana ho naran: irmaun Kamudy (ou mas Kus). Iha karta nebe Konis hakerek mai hau, iha tan karta 2. Karta ida hosi Konis ba Adalberto Alves iha Portugal, karta ida seluk dirijida ba Donaciano Gomes –alias- Adano iha Austrália. Hau konsege haruka dokumentus sira neé ba to Jacarta, hafoin maluk sira iha Jacarta haruka liu documentus ba destinatariu.

b. Lori dokumentus CEL/FA no CEL/FC
Iha tinan ne’e duni, 1994, hosi companheiro Siak, entrega mai hau dokumentus hosi CEL/FA no CEL/FC. Dokumentus importanti nebe tenki entrega ba irmaun Kamudy i haruka liu ba Frente Diplomática.
Hau uza dalan terrestre hosi Dili ba to’o Batugede, uza kareta governu nian (plat merah) atu nune fasil halo sirkulasaun. Hosi Batugede, hau apanha bis ba Atambua, Hosi Atambua ba Kupang. Hosi Kupang apanha avião ba Bali. To’o iha Bali, uza dalan terrestre ba Surabaya. Iha Surabaya hau tenki hasoru Lukas da Costa tamba tenki entrega dokumentus Renetil nian. Pois, hosi Surabaya hau ba Malang entrega dokumentus ba Samala Rua (Jose Neves). Ikus liu, hau to’o iha Jacarta. Hau nia missaun hotu iha Jacarta. Iha Jacarta, hau entrega dokumentus ba Alau no Antonino Gonçalves. Hau lahatene oinsa dokumentus hosi CEL/FA no CEL/FC to’o iha Xanana nia liman no Frente Diplomática. Tamba hau nia missaun maka salva deit dokumentus hosi Timor to’o iha Jakarta.

c. Tinan 12 tiha…
Kuandu hau simu livro konaba Konis Santana A DIGNIDADE Konis Santana e a Resistência Timornese, autor José Matosso, hau lê, lê filafali hodi buka halo ligasaun historika. Livro ne’e publika iha Portugal iha tinan 2005, tinan hitu tiha hosi Konis nia mate. Iha matéria barak maka ita bele komprende konaba personalidade Nino Konis Santana. Iha livro nia laran konsta mos dokumentus sira nebe hau lori hosi Timor to’o Jacarta. Karta hosi Nino Konis Santana dirijida ba Mário Soares, Boutros Ghali, Bill Clinton, Soeharto no Timor oan iha exterior (pag. 219).

d. Konaba Konis nia mate
Iha Portugal hau rona Konis nia mate. Hau la fiar. Maibe. padre Domingos Maubere, iha momentu neba (1998) hanesan koordenador ou enviadu espesial Xanana nian hodi trata konvensaun nebe atu halo iha fulan Abril iha Peniche, Portugal (hodi muda CNRM ba CNRT). Imediatamente padre Domingos Maubere haruka organiza missa ida ba komunidade Timorense iha Portugal in memorium Konis Santana.

3ª Parte (Fim) Konis Santana hare hosi buat nebe maka nia hakerek
Hau konsidera katak Konis Santana laos ema militar deit maibe ema politiku diak ida. Konis mos gosta le no hakerek: hakerek poezia, hakerek textus seluk nebe husik hela ba povo Timor.

Harohan ba Na’i Maromak
Fó dame no domin
Sei husu ho laran tomak
Fó moris hakmatek…maluk sira

Buat ida terus
Ema hotu ka anjo lalehan
Sira mós hatene

Tan Sá iha rai ne’e, Timor sala laek
Ohin loron mate barak, tan funu.

Konis hakerek nune:
"Sou ávido de leitura e gostaria imenso que o irmão procurasse arranjar-me um livro do nosso líder "Timor Leste, um Povo, uma Pátria". …. "
Iha karta seluk, Konis hakerek nune:
"Sou ávido da leituras. Tudo quanto me aparece pela frente, procuro lê-lo e relê-lo. Para aprender o português, para aprender a forma de esquematizar ideias e apresentá-las……"


Autoria: Celso Oliveira
Fonte informasaun hosi livro:
A DIGNIDADE Konis Santana e a Resistência Timornese, autor José Matosso